Protège moi.

Às vezes chego a pensar que nada tem uma razão e que é impossível prever o que virá pela frente. Outras penso que tudo está a nossa frente, só cabe a nós arquitetar a capacidade para que os nossos olhos fracos e opacos possam enxergar. Embora eu tenha aprendido a compreender as vantagens de ser uma pessoa bipolar, ainda não consigo me acostumar com a dor que isso causa em certos momentos. Não é aquele tipo de dor comum. Depois de tanto tempo tendo força suficiente pra tornar o seu mundo um pouco mais feliz, não dando nenhuma fresta para o sofrimento, você acaba se acostumando, de uma certa forma. Realmente não sei se isso é geral, mas pelo menos na minha vida já se tornou uma rotina quando as coisas vão muito bem, sem motivos especiais, acontece algo e muda tudo. O mundo deixa de ser aquele lugar suportável e aquele óculos de ilusão que você usava desaparece. Você vê tudo como realmente é, com uma leve pitada de sensacionalismo dramático. Dor. É essa a resolução. Você acha que não vai suportar, que é impossível ter mais força do que se já teve até então. Que tudo dói, que naquele momento todas as feridas já abertas um dia na sua vida voltaram, com aquela dor inexorável que te impede de respirar.

Até a metade do dia de hoje eu pensava que iria cair de novo. Mas agora me contradigo e a cada dia que passa vejo o quanto aprendi a ser forte comigo mesma, em certos aspectos. Nada nunca foi fácil e, como sempre disse meu pai, tudo é conquistado na base do esforço. Você dá um passo e ganha uma gota de suor escorrendo pela testa, explorando cada canto da sua face. Cada um faria diferente o que eu faço, tenho plena certeza que muitos teriam ficado pelo caminho no meu lugar, com a minha história. Aí que está o ponto, é a
minha história e cabe a mim escrevê-la de acordo com o que o meu coração dita, com correções da minha razão e bom senso. Gabriel, você não sabe o quanto é fundamental na minha vida e eu não tenho palavras suficientes pra te agradecer por você ser quem você é. Obrigado por me fazer sorrir hoje falando aquelas besteiras que só você me faz pensar, juntamente com os planos maléficos e a euforia máxima pra ir na bienal dia 16. Because is the best day EVER! E eu sei que, haja o que houver, você vai me dar a força de sempre pra não derramar uma única lágrima e seguir com o meu melhor sorriso no rosto. Porque, como diz a Annah, se for pra perder, que seja com classe.

E sabe de uma coisa? Não sou eu que tenho que ter medo.
Eu só queria parar de tentar entender o incompreesível.

Preciso acender a lareira, antes preciso cortar a lenha.
O machado está apoiado ao lado da porta. É só pegar.

A neve vai começar a cair a qualquer momento. Olho pela janela e vejo o céu cinza escuro, com o vento frio começando sua ópera. Abro a porta, somente de pijama flanelado e pantufas da cabeça do Homer Simpson. Sinto o vento gelado cortando meu rosto, gosto da sensação. Fecho meus olhos e paro de pensar por breves segundos que duram uma eternidade. Sinto na ponta de meus lábios o primeiro floco de neve da estação. Meu corpo não está sob o meu controle. Abro os olhos, vejo os pequenos e graciosos flocos de neve caindo do céu, como um ato de magia. Sinto o chão úmido da entrada de casa penetrando em minhas pantufas, passando pelas minhas meias e chegando finalmente aos meus pés. Não sinto as pontas dos meus dedos. Meu nariz está congelado. Mesmo assim permaneço parada. Me sinto feliz, mas feliz do que em qualquer outro momento de minha vida. A neve fica mais espessa, se despedindo da minha alma nua. Fecho os olhos e uma traiçoeira lágrima foge de seu esconderígio, caminhando lentamente pela minha face, cortando-a enquanto passa. Ando lentamente até a porta, entro em casa, olho mais uma vez pro céu cinza e fecho a porta. E mesmo tendo se passado 3 anos disso tudo, lembro-me de cada sentimento, de cada sonho, de cada promessa e de cada sensação que percorreu todo o meu corpo naquela fração de segundo que eu passei exposta aos -6º de Ettelbruck, em Luxemburgo.

E bipolaridade é isso. 5 minutos neutros, 10 esperançosos, 5 nostálgicos e 5 de olhos fracos, opacos e molhados. Saudade, eis uma palavra que não possui qualquer tipo de definição.

Tudo o que existe, ou existiu, começou com um sonho.

Coldplay @ The Scientist

1 irrelevância(s):

Nanah Scheffer disse...

bipolaridade é phoda @:
eu sei bem como é isso.. mais apredi a lidar com ela já.
mas tambem tenho momentos que quero morrer, e outros que eu estou feliz da vida, sem motivo.
a vida é assim (:


xoxo

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