Undisclosed desires.

E Agosto chega ao fim. Setembro aproxima-se sorrateiramente, trazendo consigo o tão conhecido ar de 'começo do final do ano' - e, é claro, com ares de feriado. Acho divertido (agora) como realmente a vida é uma caixinha de surpresas, como já bem dizia Joseph Klimber - risos. O que se julgava (admito, às vezes ainda se julga) insuportável, lentamente encaminha-se para zonas distantes. Como meteoros. Que nos desesperam antes mesmo do ocorrido, no exato instante e quando desembarcam em seu destino final. Porém, após o incidente, tudo retorna ao parâmetro considerado normal. Saindo de meteoros e indo para outro cantos do universo, mais uma vez os ventos mudam a posição do Galo do Vento - vulgo, Anemômetro. E como nunca aprendo minhas lições de vida - mesmo fazendo os deveres de casa - firmemente definidas, aposto na roleta russa novamente. Arriscando, novamente. Ultimamente meu extremo pessimista vem tentando de forma insistente introduzir uma pitada de juízo na minha - insana - cabeça. Contudo, prezando o nome que tenho a zelar, consigo prosseguir com as minhas loucuras. (O que tenho na cabeça?! Veja bem o que estou cogitando...) Já que é para ser insana, que seja direito. E, evidentemente, que o Universo Cósmico sopre seus bons ventos. O lado ruim dos acontecimentos - além do óbvio - são meus traumas, cada vez mais perturbadores. Que ao menos desta vez possuem fundamentos altamente válidos. Assumo, me entrego: Tenho um medo avassalador. Não tenho mais ciência do que ainda poderei suportar. Mas algo que me sustenta nesse ágætis byrjun é, justamente, a visão geral desde Novembro/09 até os dias de hoje. E ela não é ruim, e sim favoravelmente crescente. Apesar dos pesares, tudo tem melhorado sim (tirando os dias em que entro nas famosas crises existenciais). Tenho me controlado bastante e tomado atitudes que causam orgulho geral - principalmente para mim. Chega a ser assustador ver de tão perto que realmente o mundo dá voltas - como dá! Umas mais rápidas, outras precisamente demoradas. Demoradamente necessárias para realizarem-se numa perfeita simetria. E mesmo com infinitos poréns, persisto em ser estúpida o suficiente para continuar tendo minhas majestosas esperanças. Certa vez li em algum lugar - o qual não me recordo - um pensamento completamente verídico. Segue o mesmo, que era algo parecido com isso: "Todos querem sempre felicidade. Ninguém quer a dor. Mas você não pode ter um arco-íris sem um pouco de chuva antes."
E um fato à ser dito: Nunca tive receio de me molhar.


Sigur Rós @ Untitled 3

Corando, coroando, colorindo & rindo.

Imponho-me a condição. Condiciono-me a imposição. Ando com o sonho. O olhar insiste em ser tristonho. Me imponho. Me exponho. Os lábios querem sorrir. A vida, progredir. De maneira serena. Mas não se detenha. É apenas uma resenha. O sol quer raiar. Olhar, pra quê chorar? Todo amor do mundo. Ir até o fundo. Sempre junto. Passos para frente. A gente. Pensar em dizer. Viver, viver, viver. Sempre pra crer. O calor. Sem pudor. Com amor. Surgindo o vapor. Fundando seus trilhos. Construindo abrigos. Convivendo com o abandono. Vivendo sem dono. Ou vivendo com sono? Abrindo a janela. Pulando por ela. Vivendo como uma abelha. Quebrando a telha. Sem eira e nem beira. Mexendo a caldeira. Sentando numa cadeira. Sem razão. Com opção. Entortando a flor. Provando a dor. Criando a cor. Estar saindo. Sorrindo. Tudo lindo. Todos vindo. Nós indo. Sem solidão. Cadê o perdão? Mostrando o dedão. Abrindo o coração. Dizendo não. Contradição? A emoção de ser feliz. Sim, pode pintar o seu nariz. Eu sempre quis. Dizer "Eu fiz.". Cortar o mal pela raiz. "Um eterno aprendiz." Me diz. "Posso te fazer feliz?" Se você diz. Eu sempre te quis. Roubei seu nariz. Eu gosto de mim. Dentro do jardim. Vendo tim tim por tim tim. "Por essa estrada mundo afora ir embora, sem sair do meu lugar." Andar. Corar. Amar. Um beijo (e um queijo). Um abraço. Como laço. No compasso. Eu faço. Passo a passo. Em um brilho. Como um grilo. Sem nenhum pingo. Comigo. Nem ligo. Me liga? Sem briga. Mais que lisa. Desliza. Uma sina. Ser tua. Feito a lua. Água. Nua. Crua. Tua. Te libertar. Me soltar. Ter um solar. Finalmente sentar. Nunca se ausentar. Jamais largar. Corpos. Feito lobos. Com copos. A dança dos loucos. Um pouco. Até ficar rouco. Gritar. Falar. Sussurrar. Arranhar. Correndo. Prometendo. Sempre se escondendo. Pra voltar. Olhar. Cantar até não dar. Entrelaçar as mãos. Num balanço. Não canso. No banco. Com tango? Dançando. Olhando. Trocando. Refletindo. Indo. Em ti confiando. Em mim, abraçando. Balançando. Com um canto grande. Vendo crocodilo Dundee. Vamos, ande! Querendo sorrir. Não nos deixe cair. Tem que partir? Mon petit. No final do ano. Veja bem. Meu bem. Somos todos um alguém. Talvez eu seja uma refém. E há sempre um porém. Como um final. Parados no sinal. Em meio a Aurora Boreal. Tão surreal. Num ato excepcional . Olhando o que se torna real. Deitado. Calado. Ao lado. Completamente parado. Inusitado. Entrelaçados em meio os lençóis. Com anzóis. Nós. Para nós. Após. Num ritmo veloz. Intenso. Com documento e sem lenço. Denso. Penso. Acabou. Afundou. Levantou. Contigo estou. Contigo eu vou. Levantando voo.

Los Hermanos @ De Onde Vem a Calma.

Where's the password?

Potes de biscoito. Intrigantes potes de biscoito. Guardo vários tipos de potes de biscoito, todos expostos em minha cozinha aconchegante. Geralmente ao olhar cada um deles, metodicamente, a infância invade minha mente. Rodopiando lembranças, emoções, nostalgias. Saudade. Aquela palavra cujas traduções nunca vieram a existir. E aquela palavra que mais me machucou na vida (ainda machuca - silêncio). Olho pela janela, 5 andares separam-me do chão. Ouço o pão pulando na torradeira. Já são 9 horas, mas o tempo nublado, chuvoso e frio trouxe-me uma simpática gripe. Sinto cheiro de minhas torradas recém-prontas. Aquele cheiro que lembra os desenhos de quando éramos crianças - geralmente Pica-Pau - nos quais aparecia aquela mão com dedos sedutores, feita com a fumaça quase incolor proveniente dos alimentos apetitosamente frescos. Ainda visto meu pijama flanelado com meu roupão azul turquesa - e pretendo tomar meu banho e permanecer do mesmo modo depois. Levo minhas torradas - agora pinceladas com manteiga derretida - junto à minha xícara de café, fresco e quente, até a poltrona listrada que descansa junto a janela. Um feixe de sol surge bem ao meio dela. Propício, não? Ainda vejo minhas 2 pedrinhas na mesinha de chaves ao lado da porta. Elas me encaram, fitando meus olhos adentro. Desvio o olhar, mas é tarde demais. As 2 pedrinhas já alcançaram seu objetivo eminente. Pousei a xícara na janela e apoiei meu queixo sobre a própria. Fecho meus olhos e vejo um jardim japonês. Abro os olhos e o sol invade meu interior, sem ao menos pedir permissão. Fecho meus olhos e vejo a mim, pulando para atravessar um caminho de pedras. Olhando para trás e rindo - feito uma criança - envergonhada. Recebendo em troca um outro sorriso - juntamente com um olhar - iluminado de alegria. Abro os olhos e minha vista encontra-se embassada. Fecho os olhos e vejo o topo de dois conjuntos de bambus. Abro os olhos de maneira brusca e começo a desmanchar de maneira lenta, vaga e dolorosa. Esfrego as mãos em meu rosto, termino meu café e deito-me desajeitadamente no sofá. Com as mãos escondendo o rosto - ainda. Abaixo as mãos, olho para o teto amarelo. Meus batimentos cardíacos retornam para seu estado tranquilo, conforme os minutos transcorrem. Fecho os olhos. E nós continuamos dançando.
Just 'cause you feel it, doesn't mean it's there...

Annie.


Radiohead @ There There (The Boney King Of Nowhere)

Fences.

Flutuando entre devaneios, sob meus sonhos, abaixo de várias (des)ilusões. Encontro-me pairando no meio de uma sala branca. Nela existem todas as incertezas que, geralmente, só eram vistas em minha mente - insana. Também estão aqui representados os meus desejos mais profundos, meus sonhos ainda imaculados. Inclusive os sonhos que nem eu mesma tinha devido conhecimento. Olho para os lados, vislumbro algo que aparenta ser uma linha do tempo, semelhante às representações dos professores de História em suas aulas. Chego a me sentir desorientada com a junção de tantos pontos que são provenientes do âmago de minha vida. Vejo onde se encontra o meu passado. Um pilha de caixas embolaradas, devidamente lacradas, em um canto obscuro da sala. Dirijo-me à elas e vejo um pequeno bilhete repousando em cima de uma delas. O qual continha a minha caligrafia regular - talvez um pouco mais aprimorada. Uma mensagem me alerta: "Tenha quanta curiosidade que desejar, abra e veja todo o conteúdo, se assim o desejar. Mas não poderás danificar - e muito menos levar - qualquer lembrança.". Olho para um passado cujo não conheço mais com tanta perfeição. Mas com conhecimento suficiente para não sentir saudades. E, na realidade, sem qualquer interesse de visualiza-lo, nem forma remota. Seria hipócrita de minha parte se negasse que desejo ardentemente queimar tal caixa que contém esse passado. Mas, como dito anteriormente, não estou autorizada a fazer tal inexorável - ou não - ato. (...)

Esfregar os olhos para espantar o sono. Enxugar os olhos para interromper o fluxo crescente de lágrimas. Pingar mil & um tipos de colírios à fim de limpar/curar os olhos. Tampar os olhos com as mãos para acabar com a dor provocada pela luminosidade do sol. Arregalar os olhos para manifestar surpresa. Estreitar os olhos para demonstrar dúvida/desconfiança. Piscar de maneira exclusivamente feminina para pedir algo à alguém. Fechar os olhos para pensar/dormir/descançar/flutuar. * Sorrir com os olhos. Transmitir sentimentos límpidos atravéz dos olhos. Olhar outros olhos minuciosamente. Olhos, olhares, olhos, olhar, olhando. Escuros misteriosos, castanhos gentis, claros/cristalinos intimidadores. Olhos. A porta de entrada para a estadia em outro ser vivo, em outra alma. Cumplicidade por olhares. E estrelas. Sim, estrelas. Aquelas que renovam cada olho existente. Sempre estrelas.


Just for tonight we'll keep on dancing...


Manna Mariam @ Just for Tonight (feat. Ville Valo)

Password C688.

Eu deveria dar mais ouvidos ao que Lisa me diz. Somente depois do que faço, e da chegada das consequências, é que percebo que as palavras nem sempre doces de Lisa faziam completo sentido. Hoje recebi uma carta de um fantasma de um passado distante. Percebi que em meio a expressões de opinião, aquela costumeira preocupação que já me é tão familiar não conseguiu ser camuflada. Comecei a lembrar de cartas antigas e emboloradas que estão numa caixa, no fundo de uma gaveta na cabeceira. De um passado mais distante e profundo ainda, repleto de ironias. Estranho é lembrar sem saudades. É a realidade. Somente fantasmas.

Os dias tem passado de forma ligeira - até demais. Agosto nos trás à tona um sentimento ainda mais intenso e vívido de nostalgia. Com certos momentos que até nos transportam para outro tempo - juntamente com outras pessoas. Aliás, ultimamente venho percebendo que Henry lentamente transforma-se em um fantasma. Mesmo de maneira hesitante, estou permitindo a sua partida. Para fora de mim, assim como deve ser. Tenho plena (cons)ciência de que, por mais inexorável que seja, é a decisão com maior grau de coerência que eu poderia ter em mãos. A vida ainda está longe de ser justa e/ou fácil. E, na realidade, creio que morrerei antes de proferir tal frase em sentido contrário. Mas ainda possuo fé suficiente para acreditar que alguns fatos podem - e vão - melhorar. Mesmo que a minha estúpida e obtusa mente só os perceba tempos depois. Afinal é o que acontece de maneira - quase - perpétua, não? Ouço meu telefone tocar na sala. Não preciso atendê-lo para saber quem chama, e para quê chama. Mas, desta vez, sequer atenderei. Não consigo aceitar mais convites para tomar um café - mesmo que este seja o meu preferido. Para quê? Para brincar com mais um humilde ser humano? Sim, eu deveria acreditar em Lisa quando ela diz "Annie, você não é mais dona do seu coração. Ele sequer reside dentro de si.". Não possuo mais o meu coração, mas também ninguém o tem. Estrelas. Somente as estrelas tem o devido direito sob o meu órgão vital pulsante. Apenas elas são previamente autorizadas a arrancar aquele brilho de meu olhar. Olhe para as estrelas, olhe como elas brilham para você...

Se a fé move montanhas, por que não corações?

Annie.


Dario Marianelli @ Your Hands Are Cold.

The fame monster.

Monstros. Quando crianças temos medo de deixar a porta do armário aberta, medo de pegar um copo d'água na geladeira durante a noite. Sempre nos disseram que haviam monstros em todos esses lugares. Conforme os anos passam, percebemos que na realidade os monstros existem também durante o dia. Que eles não são seres de outro planeta. Não. Estamos convivendo com os mesmos, sem perceber. Conforme nossa vida segue eles aparecem, revelam-se. Nunca sabemos onde, quando e nem porque aparecem. Mas uma hora nos deparamos com monstros.
A vida não está sendo fácil. Aquela costumeira calma que pairava aqui por perto foi brutalmente assassinada. E tudo muda com tanta rapidez... Já fazem 4 meses que consegui voltar para onde tanto queria. Eu já sabia possuía consciência de que não seria fácil, e que isso era um preço válido à se pagar. Mas, como de costume, nunca nos encontramos prontos para mudanças. Nunca. A ironia da vida continua a andar de mãos dadas comigo. Passarei a valorizá-la. Tentar provocar felicidade, para talvez poder senti-la depois.

A dança das folhas continua imparcialmente. E elas abandonam as árvores. E elas voam, conforme a vontade dos ventos. Sempre numa dança conjunta. Vital. E elas voam... Até repousarem. Não mortas. Com vida suficiente para serem delicadamente vermelhas, absurdamente magníficas. Colorindo paisagens. Fazendo viagens até lugares imaginários. E levantando vôo novamente, até acharem seu devido destino para o adorável descanso final. Folhas.


MGMT
@ The Youth.