In fact.

Nunca entendo as coisas de uma forma completa. Não possuo noção exata de que certas coisas que faço me trarão consequências. Acho que é uma das leis da vida fazer o que seu interior manda sem pensar no depois, pelo menos 1 vez - embora eu o faça sempre.


Fecho meus olhos e volto no tempo até terça-feira, dia 30/03. Reparo nas formigas andando em uma linha reta, em um grupo. Vou passando os artistas no iPod, sem prestar a mínima atenção. Não consigo saber por que estou desnorteada, só presto atenção no cheiro que sinto. Cheiro de plantas misturado com o perfume que exala do pescoço ao lado do meu. Sinto uma vontade quase insana de abraçar aquela figura, pela qual sinto algo que ainda não sei o que é. Me controlo. Pelo bem dela e pro meu. Olho pro lado e o vejo tão perto... me controlo mais uma vez. O que está havendo comigo, afinal? Não me permito ter caprichos que possam machucá-lo, não sem ter certeza do que está acontecendo comigo. Embora a ideia tenha me deixado à beira da tentação. [...]



[...] Ouço os passarinhos cantando. Vejo o verde do Jardim Botânico, sinto o frescor no ar. Olho pra frente e vejo Bambus. Olho pra cima e vejo o alto dos mesmos, deixo a cabeça cair mais e vejo os bambus atrás de nós. Sim, nós. Sinto aquele silêncio no ar. Silêncio que precisa ser quebrado. E meus pensamentos viajam, mergulham numa imensidão desconhecida até aquele presente momento. Percebo algo que já desconfiava, porém não admitia. Um deslize, um acaso - ou não. Passo a olhar para aquela figura com curiosidade, passo a analisá-la de maneira diferente. Com mais.. sentimento no olhar. E percebo que ela luta com alguma contradição dentro de si. Nesse momento desejo conseguir ler pensamentos, nos quais tinha certeza - sem qualquer egocentrismo - que eu própria estava incluída. Ele percebe que a minha mente fervilha. E faz a pergunta que eu queria fazer:
- No que você está pensando? Respondo que não estava pensando em nada... enquanto, na realidade, estava pensando em tudo e mais um pouco. Pergunto o mesmo à ele. A figura torna-se hesitante, insegura e até mesmo um pouco constrangida. Não sei por que, mas o achei mais bonito do que nunca. E não sei se ele percebeu, mas eu sentia meus olhos brilharem enquanto o encarava com a maior ternura que conseguia transparecer. Juntamente com curiosidade, pois não fazia ideia do que passava naquela mente - ainda - alheia a minha. A figura fala, ainda hesitante, que não há nada. Enquanto eu sei e sinto que há muita coisa. Insisto, quero que ele fale. Sinto uma importância no ar - com ou sem razão. Ele fica rígido, mais hesitante do que antes, e passa a me encarar, mesmo resistindo, não conseguindo desviar os olhos dos meus. A figura diz pausadamente: - É algo que eu quero, mas não consigo. E eu não o entendo, pergunto o por que. Ele sorri - e meu coração desmancha com tal sorriso - e diz: - Posso te dar um abraço? E eu sorrio e digo de maneira doce: - É claro que pode. Então ele se inclina e nos abraçamos. Meu coração palpita. E eu me sinto mais confortável do que nunca. Sinto a mão dele tremer em minhas costas. Rio e falo em tom de brincadeira: - Você está tremendo, calma. Ele ri gostosamente, porém com uma pitada de nervosismo evidente. E fala: - Pensei que eu não ia conseguir me aproximar de você hoje. Rio e encosto minha cabeça no ombro dele, fechando os olhos. Sinto suas mãos brincando com meu cabelo. Depois sinto seus dedos deslizando pelo meu ombro. Ele afasta meu cabelo do meu pescoço e repousa seu queixo bem ali, num perfeito encaixe. Meu coração palpita cada vez mais. Sinto o toque delicado de seus lábios em meu pescoço, suavemente. Meu coração palpita mais ainda. Ele levanta um pouco seu rosto e beija sutilmente o canto de meu rosto. Passa levemente os dedos pelo meu pescoço. Repousa seus lábios em minha bochecha, a qual estava rubra. Movimento meu rosto mais pra perto dele, meu coração chega a doer de tanto que palpita. Seus lábios encostam-se aos meus, suave e delicadamente. E estou feliz, mais feliz do que nunca havia me sentido em situação remotamente parecida. Então me dou conta do óbvio que eu não havia notado antes.
Eu o quero do meu lado, ele me faz bem. Meu interior grita por seus abraços apertados e calorosos. Minha mão precisa da sua entrelaçada a ela. Fecho meus olhos e ainda sinto seu perfume quando te abraço. O seu gosto permanece em mim. E minha alma lateja de dor por não estar junto da sua. Me assusto com a intensidade do que sinto, tenho medo. Muito medo. Tudo tão repentino e, ao mesmo tempo, grande. Talvez o fato de não conseguir admitir e até demonstrar isso tudo se deva ao medo. E também a insegurança que é minha de natureza, receio de decepcionar. Mas mesmo com todos esses - meus- poréns, acabou que hoje é tudo recíproco. Eu quero você aqui comigo durante todo o tempo. Quero que você faça parte da minha vida e vice-versa. Escutar você falar de coisas bobas e estar feliz só pelo fato de estar junto e estar ouvindo a tua voz. Eu quero você. E mesmo que eu não consiga dizer isso tão abertamente quanto gostaria, queria que você soubesse. Soubesse a importância disso tudo pra mim, agora. A sua importância.

Gregory and the Hawk @ Boats and Birds

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