The Fools Who Dream

Quinta-feira tive minha última terapia do ano, e pra ela minha psicóloga tinha me dado um dever de casa: pensar em como foi o meu 2024. Engraçado que mais nova eu sempre fazia uma retrospectiva mental todo fim de ano e escrevia sobre. Em um certo ponto da vida acho que eu só não tive mais tempo pra lembrar de fazer isso - ou só perdi o interesse mesmo. Enfim.

O ponto é que quando parei pra pensar nos últimos 12 meses, lembrei de uma “wishboard” (não sei que termo usar pra isso?) que fiz em dezembro do ano passado, onde juntei imagens do que eu queria pro meu próximo ano. E lembro que ao fazer isso foi quando me toquei de quanto tempo fazia que eu não sonhava com algo, não traçava metas sobre sonhos. Mas voltando ao board, depois de quase 1 ano abri e percebi de cara que 95% do que eu coloquei ali - do que eu sonhei - aconteceu mesmo. E aconteceu com muito planejamento, esforço, dias de ansiedade, dias de estresse… mas com muita vontade também.

Eu lembro da sessão de terapia com a minha psicóloga onde ela literalmente me disse que eu não precisava passar por tudo que eu achava que precisava passar, que o meu plano podia mudar sim. E do quanto a partir dessa virada de chave tudo deu MUITO certo, tudo só fluiu. Que loucura.

Passei por milhares de burocracias, coisas que não deram certo de primeira, mas que mesmo assim dera certo. Com elas, também vieram alguns encerramentos de ciclo. Casa, bairro, país, trabalho. E surpreendentemente contei com a sorte de esbarrar com pessoas que ajudaram e muito nesse turbilhão de pontos.

E aí vem a calmaria: um bom começo, como diria a minha tatuagem. Novas realidades, um alivio de ter resolvido tudo, a tranquilidade e a paz de viver exatamente o que eu queria viver e que tinha tanto medo de expor lá em Fevereiro. E ter alguém caminhando do meu lado e sentindo a mesma coisa. E nesse ponto eu falo pra Manu do início de 2023 que tomou decisões morrendo de medo do que ia ser: deu mais certo do que você imaginava. Tudo que você tinha medo de dar errado? Não deu.

E eu sei que a vida não sempre assim, que às vezes os planos saem diferentes do que a gente pensa e que existem sim situacões difíceis que acontecem do nada. Mas dessa vez não podia ter sido mais incrível do que foi. As coisas só tinham que ser assim.


Vou fazer mais uma wishboard pro ano que vem, mas que seja o que tiver que ser. E eu sei que vai ser incrível aproveitando tudo o que eu conquistei e planejando próximos passos ✨

Roda mundo, roda-gigante

Eu ja falei muito sobre encerramento de ciclos aqui. Acredito que, mesmo sem perceber, eu sempre dei muita importância pra quando coisas começam, quando acabam, quando mudam bruscamente e por aí vai.

Hoje vou falar de mais uma: a sensação de casa. 

Oficialmente me mudei em Abril, porém foi corrido (e quando mudanças não são corridas comigo?), levei 80% das minhas coisas e etc. Então não sentia que tinha mudado 100%. Em Julho voltei e peguei mais uma mala de coisas e resolvi algumas pendências/ burocracias. Agora cá estou eu pra pegar o resto do que ficou: alguns livros, cds e afins. E desde ontem quando estava vindo do aeroporto me bateu um aperto no peito e um estranho - porém já conhecido - sentimento de despedida e nostalgia. 

Eu vivi TANTA coisa nesse lugar, tantos acontecimentos importantes, tantos momentos bons e ruins. Contudo, o mais curioso é: por mais que eu esteja nostálgica e e me despedindo do que sinto ser um final de ciclo completo, ao mesmo tempo também sinto como se isso já não coubesse na minha atual história, algo que não me pertence mais há algum tempo - e no fim das contas é isso mesmo.

Eu olho pro apartamento 27, pro “meu” quarto e tudo continua familiar, porém não me cabe mais, assim como uma roupa que deixou de caber no nosso corpo.  Vou seguir carregando as memórias desse lugar comigo, mas ao mesmo tempo o curioso é que eu não me dei conta de que já tinha começado a me despedir dele durante esse processo dos últimos meses. 

Vou sentir saudades e nostalgia pois esse é um dos traços mais profundos da minha personalidade, mas vou embora tranquila sabendo que eu escolhi por essa mudança (e obviamente aqui não falo somente sobre casas em que moramos) e que isso foi exatamente o que eu queria/precisava/sonhava.

Seguimos.


Billie Eilish @ Blue


A Rush of Blood to the Head

2023. No último dia desse ano, me perguntaram o que eu desejo pra 2024 - ou se eu desejo algo. E eu não tinha reparado que nos últimos anos eu tinha parado de desejar. Sempre fui a pessoa que via uma esperança enorme em novos anos, que sonhava muito e que tinha inúmeras expectativas. E lentamente acho que fui perdendo esse brilho - e me perdendo um pouco também nesse caminho.

O ano que acaba em algumas horas foi, sem sombra nenhuma de duvidas, o mais desafiador que eu já tive. Contudo, foi o mais maduro e realista também, onde eu fui realista principalmente com quem mais importa: eu mesma. Nesse tempo eu chorei de desespero incontáveis vezes, por incontáveis motivos. Eu me senti bem com as minhas decisões, mas elas me custaram alguns muitos dias de um falso desamparo, uma falsa sensação de não ter mais um chão firme pra pisar e me apoiar.

Falo em falsas sensações pois além de ter muita gente que eu sei que seria amparo se eu precisasse, eu tenho a mim mesma também. E eu fui capaz de tanto, sabe? E eu sei que não andei sozinha, mas eu consegui tanto por mim mesma. Não foi perfeito, não foi sem lágrimas, mas foi meu e fui eu que realizei. 

Nesses 365 dias, eu estreitei laços, inevitavelmente afrouxei outros e construi novos. E eu me reconheci nesse caminho torto e nada linear, com e sem essas pessoas. Defini algumas prioridades e isso me segurou na grande maioria dos dias difíceis. E no meio desse capítulo, percebendo e não percebendo, eu voltei a sonhar.

Hoje quando me perguntaram sobre desejos pra 2024 eu me dei conta de quantos sonhos novos eu criei pros próximos 365 dias. Sonhos só meus, em conjunto, de coisas banais e de outras bem mais significativas. E eu só quero ir atrás deles, do jeito que der, no tempo que der. Uns sem pressa, outros com urgência, mas sabendo que no fim das contas tudo vai seguir o melhor caminho como sempre. 


Que seja leve, que seja gostoso. 


Coldplay @ A Rush of Blood to the Head.