Je veux te voir.

Olho para um lado. Olho para o outro. Espio todos os cantos. Feito uma criança prestes a realizar uma travessura. Ou um assassino prestes a dar o golpe final. Sinal de insegurança. Olho para baixo, começo a estalar os dedos. Ajeito o cabelo de um jeito. Depois de outro. Desvio os olhos. Perfuro a palma da minha mão de tanto apertá-la com minhas unhas vermelhas. Sinto meu rosto arder de tão vermelho que encontra-se. Ao menor movimento, paraliso o mundo. Meus olhos focam tudo que está diante de mim - diante da minha vida. (Open up your eyes, open up yo...)
As luzes da manhã ensolarada invadem o meu quarto através de uma pequena brecha na cortina. Insistem em abrir minhas - até então - lacradas pálpebras. Vencida pelo cansaço, resolvo ceder. Os flash's de memória aparecem de tal maneira que atordoam meus pensamentos. Tudo se mescla, há segundos em que não sei mais nem meu próprio nome. E sabe o primeiro sentimento que predomina a minha mente a cada manhã que insiste nascer? Medo. Medo de mim. Não me acho ruim, longe disso... Mas não consigo lidar com a inconstância das minhas emoções. Queria conseguir ser firme no que sinto com relação a mim mesma. Não é só a velha conhecida, a insegurança... É bem mais que isso. Um 'bem mais' que não consigo explicar nem pra mim mesma. Horas que eu sorrio sem razão, que confio em mim mesma, que tenho uma certeza quase cósmica de que as coisas vão se resolver na hora certa. E as - inexoráveis - horas que as lágrimas chegam sem pedir licença, por dentro, e logo querem toda a atenção. Assim exteriorizando-se olhos afora. Aquele desespero no peito... a incerteza de todo um futuro. E finalmente a palavra que faltava aqui: O Medo - Nosso ilustre companheiro. Sim, aquela velha história. Medo de nada dar certo, da minha pessoa estragar tudo e lá lá lá. Até eu me canso dessas mesmas coisas. Pior: Mesmas coisas, mas que, de alguma forma, são completamente diferentes! Me acho, me perco, amo, (penso que) odeio, tenho esperança, mando um 'dane-se' pra tudo, sou meiga, sou fria. Tento ser um mártir, enquanto não preciso ser. Não preciso guardar tudo pra mim, como sempre faço. Não preciso guardar minhas lágrimas e meus sorrisos pra mim mesma. É meio que um egoísmo não querer compartilhar o que quer tanto sair daqui de dentro.
Um dos maiores erros é questionar-se. O por quê de certas atitudes. O por quê de certas decisões. Não há nada nessa vida que tenha tais explicações. Não há motivos. Só pequenos impulsos. Acasos. Percepções. (Palpitações). Premonições. Há o destino, mas também os caminhos que nós próprios traçamos. Nem tudo são flores, nem tudo são revólveres. Mesmo que eu insista em fazer da vida um '8 ou 80', viver de extremos nunca caiu bem. Tem sim que haver um meio termo. Assim como questionava um amigo ontem, como podemos não descontar o mundo desmoronado em pessoas que nada tem com isso? E aí parei pra pensar que, nesse caso, não existe outra personalidade... não com quem não consegue 'não ligar'. Se esconder de pessoas diferentes das outras, isso sim é desafio. Fácil enganar até os que se julgam mais íntimos... triste ilusão deles. Incrível a capacidade de alguns seres humanos em mentir para si mesmos sobre outras pessoas. O 'querer acreditar'. Não passamos de uma pobre raça medíocre, que não sabe o que é amor. Que não sabe o que é união. O que sentimos são apenas sombras projetadas desses grandiosos sentimentos. Sempre acreditei na teoria de vida alienígena. E acredito também que eles não fizeram contato algum por serem inteligentes ao ponto de terem medo. Pois o medo é uma clara forma de inteligência (ir)racional. Auto-preservação. (...)

Finalmente chegamos ao final de Dezembro. Olho para 2010 e, pela primeira vez, não sei o que sentir. Não sei o que achar. Não consigo julgá-lo, ele foi mais complexo do que apenas 'bom' ou 'ruim'. Começou bom, continuou bom, tornou-se épicamente bom, alcançou um ápice da perfeição e então desmoronou. E durante meses... Não, eu não lembro dos meses. Não lembro das minhas lágrimas ou sorrisos. Nem sequer das esperanças ou desesperos lembro... Aquilo que uma amiga falava da própria vida acabou acontecendo com a minha, sem ao menos me dar conta. Situações traumáticas que bloqueiam lembranças. Os meses que arrastaram-se feito correntes, e que agora vejo que passaram 'hipersônicamente' rápido. E depois uma felicidade inusitamente estranha. Irônica. Improvável. Instável. Que eu realmente assumo, não acreditava. E que acaba por ser a mais duradoura que já tive. Em termos de persistência. Paciência. E mais mil coisas que devo ter aprendido nesse tempo. Para comigo. Para com as pessoas. Para com.
Estranho é ver o tamanho das expectativas que todos nós tínhamos pra esse ano. Que não foi um ano ruim... mas que mesmo assim, nos decepcionou além do esperado. Em infinitos aspectos. Não sei o que esperar de 2011. E acho que nem devo o fazer. Seja o que tiver que ser. Farei o que estiver ao alcance das minhas mãos, afinal, nada vem de graça. Mas que o destino se encarregue do resto - esperemos que seja um resto bom. Umas das maiores lições que conclui foi a de perdoar. Não tenho mágoas. (Embora perdoar não signifique esquecer) Não gosto mais de vinganças - quem diria. E desejo, como sempre, felicidade. Isso tudo é muito 'lei da atração'. À partir do momento que passei a levar as coisas com mais calma, mais leveza, e até com uma certa dignidade, minha cabeça ficou melhor. Mais forte, e mais sensível com as pessoas. E mesmo com uma parte do meu mundo insistindo em desmoronar, eu continuo sendo uma coluna impertinente que insiste em manter-se de pé. E digamos que impertinência é realmente uma palavra que não me falta - risos.
Então desejo que esse ano que correu tanto para chegar seja um bom ano. Sem demasiadas expectativas, mas com um 'querer' das coisas. Não apenas desejos, mas 'querer'. (Vide texto do post anterior). 2011, seja o que tiver que ser, seja bom para as pessoas. Seja bom pra mim. Seja bom para essa humanidade que precisa de doses de esperança, não de destruição. Embora eu ache que buscamos tudo isso que vem acontecendo, peço esperança. Confiança. E então amor. Afinal, o que somos nós sem amor? Em tudo que essa palavra engloba. Caridade, fraternidade, igualdade, amor para com amigos. Para com a família. Para conosco. Para com desconhecidos. E para com algum escolhido. Fé, muita fé. Porque cheguei a conclusão de que tudo é proveniente dela. Que o que parece impossível torne-se possível. E todo aquele resto que todos nós, meros mortais, falamos ao final de cada ano.

Adeus, meu caro 2010. Bem vindo, doce 2011.

Chico Buarque @ Roda Viva.

L'autre valse.

- O que se quer.

"Querer alguém, ou alguma coisa, é muito fácil. Mesmo assim, olhar e sentirmo-nos querer, sem pensar no que estamos a fazer, é uma coisa mais bonita do que se diz. Antes de vermos a pessoa, ou a coisa, não sabíamos que estávamos tão insatisfeitos. Porque não estávamos. Mas, de repente, vemo-la e assalta-nos a falta enorme que ela nos faz. Para não falar naquela que nos fez e para sempre há-de fazer. Como foi possível viver sem ela? Foi uma obscenidade. Querer é descobrir faltas secretas, ou inventá-las na magia do momento. Não há surpresa maior.
O que é bonito no querer é sentirmo-nos subitamente incompletos sem a coisa que queremos. Quanto mais bela ela nos parece, mais feios nos sentimos. Parte da força da nossa vontade vem da força com que se sente que ela nunca poderia querer-nos como nós a queremos. Querer é sempre a humilhação sublime de quem quer. Por que razão não nos sentimos inteiros quando queremos? É porque a outra pessoa, sem querer, levou a parte melhor que havia em nós, aquela que nos faz mais falta. É a parte de nós que olha por nós e nos reconcilia connosco. Quanto mais queremos outra pessoa, menos nos queremos a nós...
Querer é mais forte que desejar, pelo menos na nossa língua. Querer é querer ter, é ter de ter. Querer tem mesmo de ser. Na frase felicíssima que os Portugueses usam, "o que tem de ser tem muita força". Desejar tem menos. É condicional. Quem deseja, desejaria. Quem deseja, gostaria. Seria bom poder ter o que se deseja, mas o que se deseja não dá vontade de reter, se calhar porque são muitas as coisas que se desejam e não se pode ter todas ao mesmo tempo.
Querer é querer ter e guardar, é uma vontade de propriedade; enquanto desejar é querer conhecer e gozar, é uma vontade de posse. O querer diminui-nos, mas o desejar não. Sabemos que somos completos quando desejamos - desejamos alguém de igual para igual. Quando queremos é diferente - queremos alguém com a inferioridade de quem se sente incapacitado diante de quem parece omnipotente. O desejo é democrático, mas o querer é fascista.
O que desejamos, dava-nos jeito; o que queremos fez-nos mesmo falta. Mas tanto desejar como querer são muito fáceis. Ter, isto é, conseguir mesmo o que se quer é mais difícil. E reter o que se tem, guardando-o e continuando a querê-lo, tanto como se quis antes de se ter, é quase impossível. Há qualquer coisa que se passa entre o momento em que se quer e o momento em que se tem. O que é?
"Cada pessoa, - dizia Oscar Wilde, - acaba por matar a coisa que ama". Mata-a, se calhar, quando sente que a tem completamente. (...)
A verdade, triste, é que uma pessoa completa, a quem não falta nada, não é capaz de querer outra pessoa como deve ser. No momento em que se sente que tem o que quer, foi-lhe devolvida a parte que lhe fazia falta e passou a ter tudo em casa outra vez. Fica peneirenta, sente-se gente outra vez. É feliz, está satisfeita e deixou de ser inferior à sua maior necessidade. O ter destrói aquilo que o querer tinha de bonito. Uma necessidade ocupa mais o coração, durante mais tempo, que uma satisfação. Querer concentra a alma no que se quer, mas ter distrai-a. Nomeadamente, para outras coisas e outras pessoas que não se têm. (...)
É bom que se continue a julgar que aquilo de que se precisa é exterior a nós. Só quem está voltado sobre si, piscando o olho ao umbigo, pode achar que tem tudo o que precisa. (...)
Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. A coisa ou a pessoa que se quer têm o valor imediato igual a todas as coisas e pessoas que já se têm. Trocavam-se todas as namoradas, ou todos os namorados, que já se namoraram, pelo namoro de uma única pessoa que se quer namorar. É esta a violência. É esta a injustiça. Mas é esta também a beleza. Quem aceitaria que um novo amor significasse apenas parte de uma vida? Não sendo a vida inteira, não sendo tudo o que importa, numa dada altura, num dado estado do coração, porque nos havíamos de ralar? (...)
O querer é bonito porque, concentrando-se na coisa ou na pessoa que se quer, elimina o resto do mundo. O resto do mundo é uma entidade muito grande que tem graça e tem valor eliminar. Querer um homem em vez de todos os outros homens, uma mulher em vez de todas as outras mulheres é fazer a escolha mais impossível e bela. Acho que se pode ter tudo o que se quer de muitas pessoas ao mesmo tempo, mas que não se pode querer senão uma pessoa. Ter todas as pessoas não chega para nos satisfazer, mas basta querer só uma, e não a ter, para nos insatisfazer. É por isso que se tem de dar valor à vontade. Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa? Eu não sei.
Como raramente temos o que queremos ter ou queremos bem ao que temos, é boa ideia dar uma ideia da atitude que se pretende. Em primeiro lugar, convém mentalizarmo-nos que querer é desejável só por si, pelo que querer significa. Quem tem tudo e não quer nada é como quem é amado por todos sem ser capaz de amar ninguém. Dizer e sentir "eu quero" é reconhecer, da maneira mais forte que pode haver, a existência de outra pessoa e de nós. Eu quero, logo existes. Eu quero-te, logo existo.
Em segundo lugar, ter também não é tão bom como se diz. Ter alguém ocupa um espaço vital que às vezes é mais bonito deixar vazio. (...)
Ter o que se quis não é tão bom como se diz, nem querer o que não se tem é assim tão mau. O segredo deve estar em conseguir continuar a querer, não deixando de ter. Ou, por outras palavras, o melhor é continuar a ser querido sem por isso deixar de ser tido. O que é que todos nós queremos, no fundo dos fundos? Queremos querer. Queremos ter. Queremos ser queridos. Queremos ser tidos. É o que nos vale: afinal queremos exactamente o que os outros querem. O problema é esse."

(Os Meus Problemas; Miguel Esteves Cardoso.)

U2 @ City of Blinding Lights.

Time.

Aprendizado. Tolerância. (Re)Elevação. Pa-ci-ên-cia. Palavras incontestavelmente fortes. Aquelas que mentalizamos à fim de catalisar-mos seus sentidos. A última delas, paciência, é - e sempre foi - o meu grandioso desafio. Ter controle sobre tal traço... A paciência é dádiva dos sábios. Logo, nunca foi um ponto forte da minha personalidade (risos). Mas 2010 foi - e é - um ano que exigiu o aprimoramento de vários pontos. Não preciso mencionar que a paciência foi primordial. Principalmente de Julho pra cá. Vejo tudo como teste e como "medidas de evolução". Correlacionado com isso, temos o aspecto da "adequação". Sempre fui adepta ao pensamento de que não devemos mudar nosso interior por ninguém, se não por nós mesmos. Com as páginas do tempo sendo viradas, amadureci a linha de raciocínio. Tanto que hoje a minha opinião resume-se em "adequação". O ato de adequar-se as mudanças que você julga serem, no mínimo, favoráveis. A partir do momento que escolhemos seguir por um caminho, sabendo suas devidas dificuldades, consequências, julgamentos... Tendo somente uma "ideia" da recompensa que espera-lhe ao final de tudo. Ou seria ao começo de tudo? Ah, o começo (...).

Fecho meus olhos, presenteio-lhes com a escuridão. E então retorno a vislumbrar tudo, exatamente como tenho feito nos últimos tempos, exatamente ao modo milimetricamente planejado como imagino. Cada detalhe. Cada respiração. Cada borboleta explorando meu estômago. Sinto o medo impregnar cada gota de sangue que corre em minhas veias. E quem disse que essa garota com seus - poucos - 18 anos, a que julgam ser forte feito um carvalho - e insensivelmente cruel feito um diamante - não chora? Oh sim, ela chora. E suas lágrimas traiçoeiramente frias molham seus longos fios de cabelo. As incompreesivas lágrimas. Ela (a garota) muitas vezes pega-se sentada em sua varanda, olhando o tempo virar mais algumas páginas. Nem ao menos sabe o que a espera, o que o futuro graciosamente preparou-lhe para o prato principal do jantar a se seguir. Muito menos o que os meses trarão com seus vários dias, inúmeras horas e infinitos minutos. Embora esse mundo de incertezas transtorne, até de maneira oblíqua, sua mente. Mesmo que isso a corroa feito um veneno, lenta e gradativamente. O antídoto está logo ali. Então retrocedemos a uma certa palavra, a uma adequação, a um traço, a uma dádiva, a um poder, a uma vitória: Paciência. Dar tempo ao próprio tempo. Manter o movimento retilíneo e esperar. Se as pessoas adequam-se a você, menina, adeque-se a elas reciprocamente. Por elas, por você. Se vale a pena insistir no que se quer, insista com inteligência. Intensidade. Vontade. Ardente desejo. Jogue para ganhar. Tenha os pés no chão e a cabeça no lugar (acima do pescoço, suponho.), mas não imponha condições a si mesma. E mais que isso: Nunca introduza um freio em seus sonhos. "Tudo o que existe, ou existiu, começou com um sonho." Continue lendo e escrevendo nas páginas do tempo, não perca o fôlego. E tenha paciência... E tenha fé... E sonhe... E ame. Ame muito. Recíproco.


Train @ Hey, Soul Sister.

Knock knock.

Feliz. A própria palavra já transforma pensamentos. E hoje me define. Ou pelo menos somente um pedacinho de tudo. Esse tudo pode sim ser arriscado, mas tenho sido tão feliz. Aprendendo a sonhar de novo, a passar por cima do passado. E mesmo assim, aprendendo a não ter sentimentos ruins para com o mesmo. Tudo caminhando propiciamente bem, sempre surpreendendo. É diferente, os ares são calmos... tranquilos. Os sentimentos sempre crescentes. Sonhos, planos, desejos, histórias, diferenças, mudanças, semelhanças. O universo cósmico, não é? Sinto-me livre, feliz. Leve. Com a esperança estampada no rosto. Dormir feliz, acordar feliz. E sonhar com mais felicidade ainda. Lembrar dos meus sonhos nada convencionais, rir de mim mesma. E simultâneamente notar o quanto mudei. Olho para tudo com um grau de maturidade que nunca sequer imaginei um dia ter nos meus - poucos - 18 anos. Tenho noção do risco, até de uma certa insanidade. Mas recuso-me a desistir por medo do incerto. Afinal, o que não é incerto? Fugir sempre foi uma alternativa covarde. Mesmo que o medo realmente exista, tenho ciência que pelo menos metade dele provém das minhas estúpidas inseguranças.

Chego até a ter vontade de rir de alguns pensamentos que cheguei a cogitar há alguns dias, com respeito a minha inconstante
personalidade. Incrível é a capacidade do ser humano de querer ferir o próximo. Seja por prazer ou dor. Não excluo-me disso, de maneira alguma. Mas incrível também é conseguir enxergar diferenças. Notório é o bem que certos fatos provocam. Chego a sentir orgulho da pessoa que me torno a cada dia que passa. Sabendo a imensidão de lições que ainda tenho que aprender, mas que chegarão todas em seus devidos tempos. Claro que nem tudo são flores (nunca, né), mas é vital continuar tendo força. Por mais que em alguns dias o mundo tente te colocar para baixo, que algumas pessoas insistam em ter atitudes ocasionadas por desânimo e negativismo. É continuar seguindo com a cabeça erguida, por mais que seja difícil.

Continuo sim tendo fé nos que me rodeiam, nos que ainda
ei de conhecer pelos caminhos tortos da vida. Continuo tendo fé em mim. E tendo fé em Deus. Coloco meu destino nas mãos Dele, para continuar me guiando, iluminando as escolhas que somente eu posso e poderei fazer. Esse ano foi definitivamente um ano de aprendizado, em diversos aspectos. E continuará sendo até o seu último suspiro. Já estamos na reta final de Outubro. Que remete-me ao fato de que estamos na melhor época do ano. A esperança inunda o meu ser, de ponta a ponta. Mesmo que em alguns momentos, insistentemente, eu queira colocar a venda da insegurança nos olhos. Aliás, devo ressaltar agradecimentos sem fim pela paciência que me rodeia. Acordo procurando ser melhor e a abandonar cicatrizes que não têm propósito em existir em mim. E que definitivamente não condizem com tudo que vem acontecendo.

Hoje sinto-me em paz, com um toque divino no coração.
Independente de qualquer crença, religião ou cultura. A fé é sempre a mesma, o Deus é sempre o mesmo. Aquela força maior, divina, que sempre estará presente no interior de cada um. Pronta para tirar qualquer pessoa do fundo do poço, pronta para lhe colocar novamente em um bom caminho. Nunca me imaginei escrevendo sobre isso, na verdade nunca me imaginei tão tranquila. Sentimentos bons atraem sentimentos bons. Não sinto mais ódio, muito menos desejo de vingança. Sinto felicidade. E sinto amor. Posso ser estúpida por não - querer - medir as consequências de minhas insanidades, mas isso é meu. Opto por ser assim e acho que nenhum sonho torna-se realidade sem uma pitada de ousadia e loucura.

"Anoiteça o que anoitecer, coração aberto."


Jack Johnson @ Better Together.

Burn.

Previsível. Completamente previsível. Em momentos que a vulnerabilidade avança sem deixar vestígios, acontecem os ataques. Mas para todo ataque há um contra-ataque. Como nunca fui boa em jogar War, logo não tenho métodos eficazes de estratégia. Então deixo tal contra-ataque na mão de quem tudo julga e tudo vê: Deus. (...)

Enquanto caminhava para casa, olhava para o vasto céu nublado. Sentindo o vento salgado, proveniente dos oceanos, cortar a minha pele. Com a visão embassada. Com os pensamentos desnorteados. Agora parece-me distante, mas no momento a dúvida corroía minhas delicadas ilusões. Na realidade, 'ilusões' não se aplica ao que quero expressar. Minhas delicadas filosofias. Sim, agora sim. Realmente cheguei a questionar-me se aquela era eu. E corri. Até meus pulmões exprimirem suas dores mais profundas, provocadas pela falta de fôlego e oxigenação correta. Eram dores múltiplas. A alma exprimia sua dor simultaneamente. E a razão... Diferente do que pensariam (até do que eu mesma pensaria), era só por um misto de narcisismo dilacerado com uma leve pitada de decepção. Mas uma decepção de constatação, que hoje é indiferente ao meu discernimento do que aconteceu. Nunca houve um conhecimento profundo, e sim um interesse oportuno - e esporádico.
Minha definição sempre provém do inverso. E o inverso não é incorreto - neste oblíquo caso. Confesso que senti-me tentada a ser previsível. Não. Constatei que, além de ser esse o propósito primário, minha alma não merece ser manchada por tais sentimentos ruins. Os mesmos que - como ensinados - ferem, destroem e exterminam. Os próximos - e a mim mesma. Sinto-me mais delicada do que nunca havia sentido em possibilidades remotamente parecidas. E mais humana. E, talvez, com a alma um pouco mais translúcida (...).

Chamas consomem tudo lenta e silenciosamente, em meio a escuridão proporcionada pela noite. O fogo reflete em meus olhos, consumidos pelo ardor da destruição. Enquanto observo minuciosamente o nascimento das cinzas, minh'alma torna-se leve. A cortina negativa que cegava-me havia sido destruída. Compreendi que, até então, havia sim agido de maneira nobre. Não só nobre... mas genuinamente afável. Apesar do - inevitável - breve pensamento forasteiro do desmerecimento verídico. E acabei, por fim, concedendo a minha própria liberdade para comigo. E posso sim, permanecer em estado de mutação permanente... Afinal, essa é a grande lei de viver onde vivemos. A mudança. E a imaculada essência de cada um.
A fria e silenciosa manhã aguardará as pegadas frescas na areia que beira o mar. E as águas infinitas do oceano já anseiam por sua recompensa fielmente esperada. Destino ou coincidência, acaso ou predestinação... O mundo continua girando. E a vida sempre dará suas voltas, não importando qual caminho o fizerem. Ou o tempo que levarem. O tempo (...).


Ólafur Arnalds @ Allt varð hljótt

Password: Afloat.

Infinitos raios de sol. Provenientes de somente um único raio solar, que está em sincronia com o prisma de cristal. Este que repousa sutilmente sob o rádio da cozinha. Nos raios de sol fico observando a dança dos flocos de poeira que dançam no ar. Lá fora um dia lentamente vai tomando consistência com o subir do Sol. Sento no parapeito da janela, observando o céu límpido e azul. Imersa em meus pensamentos oblíquos. Uma saudade corrói meu peito de maneira lenta, gradual e abusa. Fecho meus olhos e sinto uma sorrateira lágrima cortar meu rosto. Mas, ao mesmo instante, sinto uma mão assassinando-a. Não a minha mão fria... E sim uma mão calorosamente agradável. A mesma percorre todo o meu rosto, acaricia minhas - coradas - bochechas, desliza sob meus lábios e finalmente para, segurando meu queixo. Permaneço de olhos fechados. A mão o inclina. Subitamente sinto uma respiração aproximando-se cada vez mais de mim, até parar a 3 milímetros. Permanecemos no descrito estado por, aproximadamente, 10 minutos. Até que, com as pálpebras cerradas, assassino os 3 milímetros. Simultâneamente delicados lábios encontram-se com os meus. Abro meus olhos. Deparo-me com fervorosos olhos castanhos, juntamente com um sorriso estonteante. Passo minhas mãos diretamente para seus cabelos, entrelaçando meus dedos aos seus fios negros. Sinto sua outra mão brincando com uma mecha do meu cabelo liso. Minhas mãos deslizam para o seu rosto, sentindo sua barba crescendo em 2º estágio - o meu preferido. Acaricio os macios lábios com a ponta dos dedos, fazendo desenhos com as unhas vermelhas. Repentinamente, ele aproxima-se até meu ouvido e sussurra irresistivelmente as palavras que esperei tanto para ouvir novamente. "Como senti sua falta, An." Seguro seu rosto firmemente entre as mãos e falo o que sempre me faz corar ao dizer. "Não vá embora novamente então." Sua mão, que continuara em meu queixo, puxa-me decisivamente para junto de si. Sinto novamente meus lábios contra os seus, intensa e fervorosamente. Queria que isso durasse até o fim de meus dias, como de costume. Que Mark estivesse para todo o sempre aqui, comigo. Ele ri, o que arranca-me dos pensamentos clichês - risos. Passo a olhá-lo interrogativamente. Até que ouço "Sério, An, como vives sem mim?" Dou uma alta gargalhada e faço menção de levantar, até que -previsivelmente - sinto suas mãos envolverem minha cintura e puxando meu corpo contra o seu. No que resultou em nós dois caindo no chão. Rindo mais do que é possível descrever. E ele sussurra entre gargalhadas: "Boba, eu não vivo sem você também." Tenho mais 2 dias para desfrutar das mais belas palavras clichês. O Sol envolve-nos enquanto sou bombardeada com perguntas entusiasmadas sobre a minha semana e enquanto sua mão me puxa rua abaixo. "An, você está me ouvindo?" - pergunta ele rindo. Não respondo. Sorrio, solto-me de sua mão e dou 10 passos para longe. "Comece a refletir mais, caro Mark" Corro, rindo alto, ouvindo passos e risadas correndo mais rápido que eu. Refletindo...

Annie.


Jason Mraz @ I'm Yours.

Undisclosed desires.

E Agosto chega ao fim. Setembro aproxima-se sorrateiramente, trazendo consigo o tão conhecido ar de 'começo do final do ano' - e, é claro, com ares de feriado. Acho divertido (agora) como realmente a vida é uma caixinha de surpresas, como já bem dizia Joseph Klimber - risos. O que se julgava (admito, às vezes ainda se julga) insuportável, lentamente encaminha-se para zonas distantes. Como meteoros. Que nos desesperam antes mesmo do ocorrido, no exato instante e quando desembarcam em seu destino final. Porém, após o incidente, tudo retorna ao parâmetro considerado normal. Saindo de meteoros e indo para outro cantos do universo, mais uma vez os ventos mudam a posição do Galo do Vento - vulgo, Anemômetro. E como nunca aprendo minhas lições de vida - mesmo fazendo os deveres de casa - firmemente definidas, aposto na roleta russa novamente. Arriscando, novamente. Ultimamente meu extremo pessimista vem tentando de forma insistente introduzir uma pitada de juízo na minha - insana - cabeça. Contudo, prezando o nome que tenho a zelar, consigo prosseguir com as minhas loucuras. (O que tenho na cabeça?! Veja bem o que estou cogitando...) Já que é para ser insana, que seja direito. E, evidentemente, que o Universo Cósmico sopre seus bons ventos. O lado ruim dos acontecimentos - além do óbvio - são meus traumas, cada vez mais perturbadores. Que ao menos desta vez possuem fundamentos altamente válidos. Assumo, me entrego: Tenho um medo avassalador. Não tenho mais ciência do que ainda poderei suportar. Mas algo que me sustenta nesse ágætis byrjun é, justamente, a visão geral desde Novembro/09 até os dias de hoje. E ela não é ruim, e sim favoravelmente crescente. Apesar dos pesares, tudo tem melhorado sim (tirando os dias em que entro nas famosas crises existenciais). Tenho me controlado bastante e tomado atitudes que causam orgulho geral - principalmente para mim. Chega a ser assustador ver de tão perto que realmente o mundo dá voltas - como dá! Umas mais rápidas, outras precisamente demoradas. Demoradamente necessárias para realizarem-se numa perfeita simetria. E mesmo com infinitos poréns, persisto em ser estúpida o suficiente para continuar tendo minhas majestosas esperanças. Certa vez li em algum lugar - o qual não me recordo - um pensamento completamente verídico. Segue o mesmo, que era algo parecido com isso: "Todos querem sempre felicidade. Ninguém quer a dor. Mas você não pode ter um arco-íris sem um pouco de chuva antes."
E um fato à ser dito: Nunca tive receio de me molhar.


Sigur Rós @ Untitled 3