Burn.

Previsível. Completamente previsível. Em momentos que a vulnerabilidade avança sem deixar vestígios, acontecem os ataques. Mas para todo ataque há um contra-ataque. Como nunca fui boa em jogar War, logo não tenho métodos eficazes de estratégia. Então deixo tal contra-ataque na mão de quem tudo julga e tudo vê: Deus. (...)

Enquanto caminhava para casa, olhava para o vasto céu nublado. Sentindo o vento salgado, proveniente dos oceanos, cortar a minha pele. Com a visão embassada. Com os pensamentos desnorteados. Agora parece-me distante, mas no momento a dúvida corroía minhas delicadas ilusões. Na realidade, 'ilusões' não se aplica ao que quero expressar. Minhas delicadas filosofias. Sim, agora sim. Realmente cheguei a questionar-me se aquela era eu. E corri. Até meus pulmões exprimirem suas dores mais profundas, provocadas pela falta de fôlego e oxigenação correta. Eram dores múltiplas. A alma exprimia sua dor simultaneamente. E a razão... Diferente do que pensariam (até do que eu mesma pensaria), era só por um misto de narcisismo dilacerado com uma leve pitada de decepção. Mas uma decepção de constatação, que hoje é indiferente ao meu discernimento do que aconteceu. Nunca houve um conhecimento profundo, e sim um interesse oportuno - e esporádico.
Minha definição sempre provém do inverso. E o inverso não é incorreto - neste oblíquo caso. Confesso que senti-me tentada a ser previsível. Não. Constatei que, além de ser esse o propósito primário, minha alma não merece ser manchada por tais sentimentos ruins. Os mesmos que - como ensinados - ferem, destroem e exterminam. Os próximos - e a mim mesma. Sinto-me mais delicada do que nunca havia sentido em possibilidades remotamente parecidas. E mais humana. E, talvez, com a alma um pouco mais translúcida (...).

Chamas consomem tudo lenta e silenciosamente, em meio a escuridão proporcionada pela noite. O fogo reflete em meus olhos, consumidos pelo ardor da destruição. Enquanto observo minuciosamente o nascimento das cinzas, minh'alma torna-se leve. A cortina negativa que cegava-me havia sido destruída. Compreendi que, até então, havia sim agido de maneira nobre. Não só nobre... mas genuinamente afável. Apesar do - inevitável - breve pensamento forasteiro do desmerecimento verídico. E acabei, por fim, concedendo a minha própria liberdade para comigo. E posso sim, permanecer em estado de mutação permanente... Afinal, essa é a grande lei de viver onde vivemos. A mudança. E a imaculada essência de cada um.
A fria e silenciosa manhã aguardará as pegadas frescas na areia que beira o mar. E as águas infinitas do oceano já anseiam por sua recompensa fielmente esperada. Destino ou coincidência, acaso ou predestinação... O mundo continua girando. E a vida sempre dará suas voltas, não importando qual caminho o fizerem. Ou o tempo que levarem. O tempo (...).


Ólafur Arnalds @ Allt varð hljótt

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