Royals.

É, 2014... você foi um ano bem peculiar - se não o mais de todos os outros. Há tempos eu não tinha tantas mudanças grandes em apenas 365 dias. Daquelas que eu nem imaginava ter, na realidade. Acho que pra começar, não tem como ignorar a maior delas: os amigos. Lembro que aos 16 anos eu tinha mais amigos - ou me enganava achando isso - que muita gente. Físicos, virtuais, cósmicos, passageiros e duradouros. 2008 foi o ano que mais gente se amava, ia a praia junto e achava que tudo aquilo seria pra sempre. Minha vida amorosa simplesmente não existia e mesmo assim eu sofria por ela. Mas os amigos... ah, eu tinha bons, duradouros, problemáticos e eternos amigos. Hoje, com 22 anos - que não são grande coisa - me vem um sorriso irônico nos lábios quando lembro disso. Acharia injusto se escrevesse que ninguém valia a pena e que eu, na grande verdade da coisa, era uma idiota - apesar do último fato ser, oras, um fato. Não sei se as pessoas perderam seu valor, se nunca o tiveram, se eu parei de dar valor ou todas essas hipóteses juntas. Todavia, não pode-se negar que tudo mudou da água pro vinho (tinto). Perdi amizade de anos. Perdi amizade de meses. Perdi amizade de décadas. E, pela primeira vez, não sei se ganhei alguma em troca. Não daquelas amizades que você sente que é pra vida toda e que conta sua vida inteira todos os dias. Ganhei amigos e ponto. Tenho uma excelente dupla de projeto que me atura todos os dias e vice-versa. E pelo tamanho da nossa convivência, acho que poderia ser dito como amizade. Ganhei amizades de turma que nem imaginava que me tornaria próxima. Ganhei colegas, amigos do meu namorado. Entretanto, não foi uma equação balanceada. Perdi uma das minhas melhores amigas,  a qual acho que mesmo que voltemos um dia a ter contato, não será nem 10% do que era pela tamanha decepção que ela me causou - e que eu devo ter causado também. Enfim.
Contudo, 2014 não foi tão dramático assim. Meu namoro virou quase um casamento e isso não é nada ruim. Na verdade, virou meu porto seguro. Minha bóia salva-vidas. Meu anti-alérgico. Minha linha de horizonte e o motivo dos meus maiores sorrisos. Não vivo mais sem  - e nem quero viver sem. 
Minha faculdade entrou nos trilhos, "ralei pra caralho" pra isso (expressão apropriada, desculpem-me) durante o ano inteiro. Minhas notas melhoraram 200%, adiantei matérias, corri muito pra ir bem em todas. Chorei de desespero, por ser irresponsável em muitas situações, gritei de felicidade quando minhas notas saíram. Descobri que só vou atrasar 1 período se andar direito daqui pra frente, como nos últimos períodos. Ganhei o respeito de professores e me aproximei de outros. As chopadas alucinantes, as luzes e o brilho daquilo tudo se apagou um pouco... acho que os meus 22 anos estão mais com cara de 42. Minha cama e minhas séries nunca foram tão valiosas. 
Foi um ano tão estranho que nem sei mais o que dizer. Mas amadureci, como sempre. Endureci por dentro. Aprendi a dar valor a quem me da valor de volta. E fiquei cansada daquilo que sempre me cansou e que demorei muito pra largar. Seja pro bem ou pro mal, eu segui pra frente. Da minha vida. Deixando coisas pra trás (ou nem tanto) e puxando outras pro futuro. 

Vem, 2015. Seja o que tiver que ser. A gente sempre aguenta.

Arctic Monkeys @ Do I Wanna Know?

Don't panic.

2013 foi um ano todo de aprendizado. Pré-profissional, 'residencial', sentimental e mais uns outros milhões de aspectos. Muita pressão vinda de n + 1 lados, e você tendo que lidar com isso com a maior classe do mundo - e com alguns palavrões, está certo. Pessoas muito diferentes, com histórias singulares e universos (bem) paralelos, ficando muito próximas e se dando bem. Festas, fotos, álcool, música, trabalhos, grupos, diversão, estresse, liberdade, responsabilidade, fidelidade. Foi um ano tão intenso em tudo, que nem sem definir com qualquer exatidão. Mesmo assim, não consigo desgostar dele. Então, obrigada 2013 e que venha 2014, sabe-se lá com que surpresas. Que seja tranquilo (...).

Bruno Mars @ Treasure.

Password C657.

Dias frios, dias quentes. Com vento, sem vento. O mormaço do tempo vai se dissipando com a despedida do Outono e as boas vindas do Inverno. Pedalo em minha bicicleta, balançando os livros que estão dentro da cesta. Balançando a garrafa de vinho e as frutas. 16:30h, o lago ainda está banhado de sol - aguardando. Só me vem na memória Corinne Bailey Rae no (quase) clássico clipe de Put Your Records On, numa dança de verão sob duas rodas pedalantes. Isso não vem ao caso, voltarei ao ponto. Ah sim, o vinho. Tinto, por gentileza. Uma toalha florida estendida na grama, presa pela bicicleta jogada e pelas minhas alpargatas descalças. Meu vestido tenta voar com o vento, melhor sentar logo. Fito o lago, me perdendo da realidade, voando em pensamentos distantes. Encho uma única taça de vinho - enquanto gostaria de encher outra além da minha. Sinto o aroma que exala da solução de uvas e álcool, suave. A brisa acariciando meu rosto, fios rebeldes de cabelo voando sem rumo, vestido amarelo esvoaçante. Mordo uma maçã, abro o livro envelhecido em uma orelha e coloco meu óculos. O sol lentamente vai tocando a água do lago, evaporando. O vinho desaparece gradativamente da taça, uma gota mancha o vestido amarelo. Olho o celular, caixa vazia. Cabeça vazia. Coração esvaziando - equiparado a garrafa de uvas alcoolizadas. Os meses correm, uma taça enche e esvazia, enquanto outra mantem-se vazia. Vão, voam, voltam. 
E o vestido amarelo mantém a sua gota. 
Annie. 

Sarah Brightman @ Deliver Me. 

Superunknown


Tudo girando, como se fosse pra sempre. Unhas afiadas perfurando a palma de suas mãos. E eu corro. Corro até os meus pulmões implorarem por oxigênio. A paciência já não me pertence mais - não mesmo. E mesmo quando não estou correndo, o ar me falta. (...) 
Se eu fosse um pouco mais psicótica, certamente teria matado alguém - de verdade - nos últimos dias. Não lembro quando meu nível de estresse esteve tão alto quanto ultimamente. Na realidade, acho que nunca me senti assim. Presa. Quase com uma corrente no pescoço. Logo eu, que sempre fui tão dona de mim. Só consigo definir com a sensação de estar sufocando, lentamente. Todavia, ao mesmo tempo, espero por outras coisas favoráveis. Ventos refrescantes. E digamos que está mais do que na hora deles darem o ar da graça. Graça esta que anda atrasada. Tudo bem, eu espero. Continuo tendo fé em tudo - e em mim. 

Permaneço navegando em águas desconhecidas, rumo ao inesperado. Tenho sede, meus braços estão doloridos. Contudo, remo sem descansar. A terra já foi avistada (continue remando). Ouço pássaros cantando (continue remando). Vestígios humanos na água (continue remando).

A terra se aproxima.
E eu continuo remando.

The Temper Trap @ Trembling Hands.

La noyée.

Finalmente Junho. Meu mês mais esperado de 2012, sem dúvida alguma. Tenho tido vontade de escrever, porém a inspiração foge de mim. Esse ano tem corrido mais que qualquer outro, parece que foi ontem que dezembro ainda pairava aqui em cima. Passaram os aniversários, passaram os dias de calor infernal (ou não) e passaram os esporádicos flertes. Minhas séries preferidas entraram em recesso e uma delas acabou. Assisti a shows maravilhosos, um deles com a experiência mais complexamente fantástica que já tive. Semana que vem é o dia dos namorados - e eu já consegui comprar metade de um presente. Os dias andam calmos, em maré baixa e mesmo assim existem aquelas horas que fico sem ar. A rapidez de tudo me assusta. De tudo. Enquanto eu fico num universo paralelo, continuo longe. Às vezes fico pensando o quão presa sou em 2010, no padrão daquele ano. E seria hipócrita se negasse que, de vez em quando, me perco nas minhas lembranças. Só minhas (ou talvez não). Apesar dessa nostalgia, finalmente o aprendizado de valorizar o presente têm acontecido. Tudo tem ido com a calma que eu queria, com o controle que eu queria. (...)
Contudo, o melhor ainda está por vir. Junho chegou e com ele espero que cheguem mais coisas boas. E tenho muita fé que chegarão. Toda calmaria tem suas ondas. E são delas que eu sempre gostei, afinal.

Nelly Furtado @ Try

Password 608.

Sol quente, água fresca, olhos semi abertos. Meus pés tocam a superfície translúcida e azul. Levanto e mergulho na piscina - em um surto de coragem. Lá embaixo, batendo as pernas, sinto-me leve. Perdida em pensamentos embolorados e cafés à deriva. Volto para o mundo ensolarado, com a cabeça fora d'água. Flutuo, fecho meus olhos castanhos e retorno a outros dias quentes. Amarelos. Ou seriam pincelados de verde? Coloridos, sem dúvida alguma. Com bambus, pedras e Amélie Poulain. Continuo flutuando. Onze e meia da manhã, sinto minha pele branca queimando - como de costume. Nado até a escada, subo e agarro minha toalha azul. Um novo oftalmologista me aguarda em 1 hora em seu impecável consultório desconhecido. Subo os lances de escada com o cabelo pingando, entro em casa. Para a minha surpresa, torradas amanteigadas estão na sala, me recebendo ainda quentes. Percebo a falta de um pedaço numa delas, quando vejo um bilhete repousando ao lado. "As que você gosta após mergulhar. Voltei, An." Um breve sorriso surge em meu rosto, mordo a torrada mutilada e falo para o nada: Seja bem vindo.

Annie

Dido @ Here With Me

Express.

Primeiramente, não tive oportunidade de me despedir de 2011. Um dos anos mais tranquilos que já tive, se não o mais. Que foi justamente a única coisa que pedi na virada dele. Já agradeci muito por tal tranquilidade (excluindo alguns incidentes, mas nada é perfeito), volto a agradecer aqui. Era um bem necessário, dadas as últimas turbulências. Embora eu sempre tenha sido adepta da calmaria, da ausência de grandes eventos, confesso que senti falta de algumas - poucas - emoções que sempre tive. Afinal, minha vida é ou não é uma novela mexicana (como já bem dizia o Gabe)? Mesmo assim, tive o final de ano mais tranquilo de todos os tempos. Com uma virada de ano péssima. Sem graça. Nada de Tamborindeguy, uma lástima. Tudo bem, that's life.

2012. Não sei o que esperar desse ano, sinceramente. Após aquela esperança suprema no começo de 2010, parei de especular excessivamente. Continuo com a maré baixa, entretanto, aceito algumas ondas. É saudável. Esse ano começou realizando uma vontade. Tal acontecimento me fez clarear a cabeça, ver que não mudou quase nada - pra mim. O que é surpreendente, pois sempre muda. O que me faz refletir que não reonheço essa pessoa inerte que estou representando. Embora, ao mesmo tempo, tenho pensado nisso insistentemente. Sonhado também, quem diria. E só essas pequenas atitudes inconscientes tem me deixado com um sorriso nos lábios. Tenho me sentido bem assim.

Em meio a pressão psicológica vinda de diversos pontos, mantenho-me calma. Sem pânico. Sem desespero antes da hora. Enquanto houver aquele 1% de chance, minhas esperanças estarão ativas e de pé. Sempre desafiei a vida assim, não mudaria logo agora. Esse ano tem tudo pra ser bom, vamos lá suar pra que tudo dê certo. Contando com muita ajuda também, é claro. Porque como já dizia o mestre Jobim "É impossível ser feliz sozinho". E como a solidão nunca pertenceu a mim, deixo as honras pra quem a tem.

Sem mais rodeios, seja bem vindo 2012.


George Harrison @ Got My Mind Set On You