Don't panic.

2013 foi um ano todo de aprendizado. Pré-profissional, 'residencial', sentimental e mais uns outros milhões de aspectos. Muita pressão vinda de n + 1 lados, e você tendo que lidar com isso com a maior classe do mundo - e com alguns palavrões, está certo. Pessoas muito diferentes, com histórias singulares e universos (bem) paralelos, ficando muito próximas e se dando bem. Festas, fotos, álcool, música, trabalhos, grupos, diversão, estresse, liberdade, responsabilidade, fidelidade. Foi um ano tão intenso em tudo, que nem sem definir com qualquer exatidão. Mesmo assim, não consigo desgostar dele. Então, obrigada 2013 e que venha 2014, sabe-se lá com que surpresas. Que seja tranquilo (...).

Bruno Mars @ Treasure.

Password C657.

Dias frios, dias quentes. Com vento, sem vento. O mormaço do tempo vai se dissipando com a despedida do Outono e as boas vindas do Inverno. Pedalo em minha bicicleta, balançando os livros que estão dentro da cesta. Balançando a garrafa de vinho e as frutas. 16:30h, o lago ainda está banhado de sol - aguardando. Só me vem na memória Corinne Bailey Rae no (quase) clássico clipe de Put Your Records On, numa dança de verão sob duas rodas pedalantes. Isso não vem ao caso, voltarei ao ponto. Ah sim, o vinho. Tinto, por gentileza. Uma toalha florida estendida na grama, presa pela bicicleta jogada e pelas minhas alpargatas descalças. Meu vestido tenta voar com o vento, melhor sentar logo. Fito o lago, me perdendo da realidade, voando em pensamentos distantes. Encho uma única taça de vinho - enquanto gostaria de encher outra além da minha. Sinto o aroma que exala da solução de uvas e álcool, suave. A brisa acariciando meu rosto, fios rebeldes de cabelo voando sem rumo, vestido amarelo esvoaçante. Mordo uma maçã, abro o livro envelhecido em uma orelha e coloco meu óculos. O sol lentamente vai tocando a água do lago, evaporando. O vinho desaparece gradativamente da taça, uma gota mancha o vestido amarelo. Olho o celular, caixa vazia. Cabeça vazia. Coração esvaziando - equiparado a garrafa de uvas alcoolizadas. Os meses correm, uma taça enche e esvazia, enquanto outra mantem-se vazia. Vão, voam, voltam. 
E o vestido amarelo mantém a sua gota. 
Annie. 

Sarah Brightman @ Deliver Me. 

Superunknown


Tudo girando, como se fosse pra sempre. Unhas afiadas perfurando a palma de suas mãos. E eu corro. Corro até os meus pulmões implorarem por oxigênio. A paciência já não me pertence mais - não mesmo. E mesmo quando não estou correndo, o ar me falta. (...) 
Se eu fosse um pouco mais psicótica, certamente teria matado alguém - de verdade - nos últimos dias. Não lembro quando meu nível de estresse esteve tão alto quanto ultimamente. Na realidade, acho que nunca me senti assim. Presa. Quase com uma corrente no pescoço. Logo eu, que sempre fui tão dona de mim. Só consigo definir com a sensação de estar sufocando, lentamente. Todavia, ao mesmo tempo, espero por outras coisas favoráveis. Ventos refrescantes. E digamos que está mais do que na hora deles darem o ar da graça. Graça esta que anda atrasada. Tudo bem, eu espero. Continuo tendo fé em tudo - e em mim. 

Permaneço navegando em águas desconhecidas, rumo ao inesperado. Tenho sede, meus braços estão doloridos. Contudo, remo sem descansar. A terra já foi avistada (continue remando). Ouço pássaros cantando (continue remando). Vestígios humanos na água (continue remando).

A terra se aproxima.
E eu continuo remando.

The Temper Trap @ Trembling Hands.

La noyée.

Finalmente Junho. Meu mês mais esperado de 2012, sem dúvida alguma. Tenho tido vontade de escrever, porém a inspiração foge de mim. Esse ano tem corrido mais que qualquer outro, parece que foi ontem que dezembro ainda pairava aqui em cima. Passaram os aniversários, passaram os dias de calor infernal (ou não) e passaram os esporádicos flertes. Minhas séries preferidas entraram em recesso e uma delas acabou. Assisti a shows maravilhosos, um deles com a experiência mais complexamente fantástica que já tive. Semana que vem é o dia dos namorados - e eu já consegui comprar metade de um presente. Os dias andam calmos, em maré baixa e mesmo assim existem aquelas horas que fico sem ar. A rapidez de tudo me assusta. De tudo. Enquanto eu fico num universo paralelo, continuo longe. Às vezes fico pensando o quão presa sou em 2010, no padrão daquele ano. E seria hipócrita se negasse que, de vez em quando, me perco nas minhas lembranças. Só minhas (ou talvez não). Apesar dessa nostalgia, finalmente o aprendizado de valorizar o presente têm acontecido. Tudo tem ido com a calma que eu queria, com o controle que eu queria. (...)
Contudo, o melhor ainda está por vir. Junho chegou e com ele espero que cheguem mais coisas boas. E tenho muita fé que chegarão. Toda calmaria tem suas ondas. E são delas que eu sempre gostei, afinal.

Nelly Furtado @ Try

Password 608.

Sol quente, água fresca, olhos semi abertos. Meus pés tocam a superfície translúcida e azul. Levanto e mergulho na piscina - em um surto de coragem. Lá embaixo, batendo as pernas, sinto-me leve. Perdida em pensamentos embolorados e cafés à deriva. Volto para o mundo ensolarado, com a cabeça fora d'água. Flutuo, fecho meus olhos castanhos e retorno a outros dias quentes. Amarelos. Ou seriam pincelados de verde? Coloridos, sem dúvida alguma. Com bambus, pedras e Amélie Poulain. Continuo flutuando. Onze e meia da manhã, sinto minha pele branca queimando - como de costume. Nado até a escada, subo e agarro minha toalha azul. Um novo oftalmologista me aguarda em 1 hora em seu impecável consultório desconhecido. Subo os lances de escada com o cabelo pingando, entro em casa. Para a minha surpresa, torradas amanteigadas estão na sala, me recebendo ainda quentes. Percebo a falta de um pedaço numa delas, quando vejo um bilhete repousando ao lado. "As que você gosta após mergulhar. Voltei, An." Um breve sorriso surge em meu rosto, mordo a torrada mutilada e falo para o nada: Seja bem vindo.

Annie

Dido @ Here With Me

Express.

Primeiramente, não tive oportunidade de me despedir de 2011. Um dos anos mais tranquilos que já tive, se não o mais. Que foi justamente a única coisa que pedi na virada dele. Já agradeci muito por tal tranquilidade (excluindo alguns incidentes, mas nada é perfeito), volto a agradecer aqui. Era um bem necessário, dadas as últimas turbulências. Embora eu sempre tenha sido adepta da calmaria, da ausência de grandes eventos, confesso que senti falta de algumas - poucas - emoções que sempre tive. Afinal, minha vida é ou não é uma novela mexicana (como já bem dizia o Gabe)? Mesmo assim, tive o final de ano mais tranquilo de todos os tempos. Com uma virada de ano péssima. Sem graça. Nada de Tamborindeguy, uma lástima. Tudo bem, that's life.

2012. Não sei o que esperar desse ano, sinceramente. Após aquela esperança suprema no começo de 2010, parei de especular excessivamente. Continuo com a maré baixa, entretanto, aceito algumas ondas. É saudável. Esse ano começou realizando uma vontade. Tal acontecimento me fez clarear a cabeça, ver que não mudou quase nada - pra mim. O que é surpreendente, pois sempre muda. O que me faz refletir que não reonheço essa pessoa inerte que estou representando. Embora, ao mesmo tempo, tenho pensado nisso insistentemente. Sonhado também, quem diria. E só essas pequenas atitudes inconscientes tem me deixado com um sorriso nos lábios. Tenho me sentido bem assim.

Em meio a pressão psicológica vinda de diversos pontos, mantenho-me calma. Sem pânico. Sem desespero antes da hora. Enquanto houver aquele 1% de chance, minhas esperanças estarão ativas e de pé. Sempre desafiei a vida assim, não mudaria logo agora. Esse ano tem tudo pra ser bom, vamos lá suar pra que tudo dê certo. Contando com muita ajuda também, é claro. Porque como já dizia o mestre Jobim "É impossível ser feliz sozinho". E como a solidão nunca pertenceu a mim, deixo as honras pra quem a tem.

Sem mais rodeios, seja bem vindo 2012.


George Harrison @ Got My Mind Set On You

In the sun.

Esse mês de Novembro me deu muitas coisas pra pensar. Algumas que eu já havia começado a pensar há meses atrás, mas que tomaram uma forma mais definida agora. E outras que tropecei por esses caminhos tortos da vida. Desde que eu virei as costas e sai andando, só uma palavra ressoa delicadamente em minha mente: 'Imbecil. Sou uma imbecil.'. (...)

Irônica
é essa minha vida, não existe frase mais apropriada. Você pede em pensamento que algum sinal divino seja enviado, para saber se pode ou não fazer algo. E por fim não ganhas um sinal. Você ganha fogos de artifício. Nessa hora aquela peculiar vontade de ser um avestruz e enfiar a cabeça na terra é quase que predominante - risos. Isso tudo tem sido quase um terremoto. Pra uma pessoa que tornou-se algo tão frio e rígido feito um iceberg, essa situação tem sido uma prova de fogo. Que vem derretendo as camadas superficiais, assim expondo cada vez mais o interior. A consequência óbvia disso é que tudo aquilo que eu optei por esconder, devido ao instinto de autopreservação, vai se esvaindo de minhas mãos, lenta e gradativamente. Meus nervos ficam a flor da pele, por não saber como lidar com essa exposição - ainda.
A minha tendência é sempre de ter medo, de hesitar ao máximo. Você ganha tantas bofetadas seguidas da vida, que uma hora isso acaba acontecendo obrigatoriamente. Venho tentando retroceder essa era glacial de mim mesma há vários meses. E - acho que - agora isso é quase uma prioridade, devido as circunstâncias à mim apresentadas.

Novembro vai se encaminhando para o seu desfecho, dando lugar ao mês de Dezembro. Entre árvores de natal, chesters, pisca-piscas e presentes, existe aquela áurea mágica que envolve até os mais desacreditados dessa época, como eu. Que tal mágica sirva de algo, nem que seja só para alguma tranquilidade forjada. O verão também se aproxima, trazendo consigo aquele calor excessivo (from hell). Que esse iceberg derreta. E que eu possa retomar o meu lugar de direito.

Norah Jones @ Don't Know Why