A Rush of Blood to the Head

2023. No último dia desse ano, me perguntaram o que eu desejo pra 2024 - ou se eu desejo algo. E eu não tinha reparado que nos últimos anos eu tinha parado de desejar. Sempre fui a pessoa que via uma esperança enorme em novos anos, que sonhava muito e que tinha inúmeras expectativas. E lentamente acho que fui perdendo esse brilho - e me perdendo um pouco também nesse caminho.

O ano que acaba em algumas horas foi, sem sombra nenhuma de duvidas, o mais desafiador que eu já tive. Contudo, foi o mais maduro e realista também, onde eu fui realista principalmente com quem mais importa: eu mesma. Nesse tempo eu chorei de desespero incontáveis vezes, por incontáveis motivos. Eu me senti bem com as minhas decisões, mas elas me custaram alguns muitos dias de um falso desamparo, uma falsa sensação de não ter mais um chão firme pra pisar e me apoiar.

Falo em falsas sensações pois além de ter muita gente que eu sei que seria amparo se eu precisasse, eu tenho a mim mesma também. E eu fui capaz de tanto, sabe? E eu sei que não andei sozinha, mas eu consegui tanto por mim mesma. Não foi perfeito, não foi sem lágrimas, mas foi meu e fui eu que realizei. 

Nesses 365 dias, eu estreitei laços, inevitavelmente afrouxei outros e construi novos. E eu me reconheci nesse caminho torto e nada linear, com e sem essas pessoas. Defini algumas prioridades e isso me segurou na grande maioria dos dias difíceis. E no meio desse capítulo, percebendo e não percebendo, eu voltei a sonhar.

Hoje quando me perguntaram sobre desejos pra 2024 eu me dei conta de quantos sonhos novos eu criei pros próximos 365 dias. Sonhos só meus, em conjunto, de coisas banais e de outras bem mais significativas. E eu só quero ir atrás deles, do jeito que der, no tempo que der. Uns sem pressa, outros com urgência, mas sabendo que no fim das contas tudo vai seguir o melhor caminho como sempre. 


Que seja leve, que seja gostoso. 


Coldplay @ A Rush of Blood to the Head.

Christmas lights

Some beginnings start so quietly you don't even notice they're happening. 
Quem diria que assistir Gossip Girl pela milésima vez me traria algo pra refletir.

Dezembro sempre foi um mês feito de encerramentos e início de ciclos pra mim, e também sempre foi um mês naturalmente pesado. Seja por ser o último mês do ano e trazer consigo a responsabilidade de encerrar algo, ou por também ser um momento de reunião de família - o que na minha nem sempre era algo necessariamente bom. Seja como for, esse último suspiro do ano (que dramático) me deixa reflexiva desde que me entendo como gente. 

Contudo, o curioso aqui é que ao mesmo tempo que meu último dezembro me trás lembranças difíceis, de uma semana onde a minha cabeça explodiu com tudo que eu ignorava nos últimos anos e que foi algo que virou a minha vida de cabeça pra baixo, também me trás exatamente a frase com que comecei esse texto. 

Pequenas decisões, pequenos acasos que acontecem e que naquele exato momento ninguém nunca diria que seriam algo mais que aquilo. Uma conversa de 20 minutos, uma troca de risadas leves. Uma noite gostosa e despretenciosa, uma dança de forró. Tem quase 1 ano que eu repito pra mim mesma o quanto que me choca de como as vezes certos momentos acontecem tão por acaso e se transformam em algo enorme. 

No meu último texto, mencionei que existem certas situações importantes que nós nos tocamos de que são importantes no próprio momento em que elas acontecem. E a memória desse texto aqui é exatamente o oposto. Quando eu imaginaria que eu ter decidido ir sozinha num pub crawl de natal me traria uma das pessoas mais importantes que já cruzou o meu caminho? E se eu não tivesse ido - dado que eu quase não fui mesmo? E se no dia seguinte eu não tivesse sido tão eu mesma e escolhido me deixar livre? Aqui eu já entro em outro ponto, que é o que eu chamo de destino. Coisas que eram pra ser. 

Não sou muito de pensar que nós temos o destino escrito e que tudo é previsto a acontecer de uma determinada forma, porém é difícil não seguir essa vertente quando tantas coisas que poderiam só não ter acontecido, ou poderiam tomar um outro rumo, aconteceram exatamente da forma que deveriam - e que causaram algo tão inesperado e incrível.

Certamente nesse tal início imperceptível ninguém se deu conta do que estava por vir, mas hoje é delicioso pensar que outro oposto também acontece: tudo que tem acontecido é tão claro e perceptível que em tempo real é possível sentir o tamanho da importância que essa história tem tomado. E de jeito nenhum digo que ela é perfeita, pois não é. Nada é e eu sei disso. Entretanto, mesmo com algumas eventuais tempestades, as mesmas tem servido pra criar laços ainda mais significativos, para fazer medos antigos perderem a força e trazer a parte leve de sonhar junto. De ter expectativas, planos - e disso poder ser compartilhado da forma mais leve e gostosa possível. 

Seguir escrevendo esse destino com alguém incrível, mas acima de tudo, tão humano e que leva a vida de um jeito bem próximo do meu, tem sido um dos capítulos mais loucos e incríveis que eu já escrevi. E hoje eu só quero que venham cada vez mais.


Lily Allen @ Who'd Have Known

In Rainbows

Tem momentos que a gente não percebe o quanto vão ser significantes até se passar um grande espaço de tempo. Outros depois de um tempo não muito grande, outros que a gente nem se toca que significam algo na verdade. Mas existem os momentos que no exato segundo em que estão acontecendo já sabemos que serão muito importantes. Às vezes são grandes acontecimentos, contudo, pra mim, os que mais mexem comigo são aquelas situações que são tão simples, mas que tem muitas coisas por trás. 
A que quero guardar  em palavras é uma delas.

Não lembro o que jantamos, mas lembro que antes do jantar você lembrou que eu nunca tinha visto a apresentação do In Rainbows - From the basement, do Radiohead. Fiquei assistindo, tomando um vinho e brincando com o gato, enquanto você fazia o jantar. Sei que pouco depois da gente terminar de comer, eu sentei no sofá, você deitou no meu colo e continuamos a assistir o Radiohead tocando o mesmo álbum que eu tenho escrito no pulso - o mesmo que você tinha notado meses antes. E ficamos assim, sem precisar dizer nada, eu entrelaçando os dedos no seu cabelo, acompanhando cada cacho, você desenhando caminhos na minha perna com a ponta dos dedos. 

Um tempo depois, quase no fim da apresentação, vi sua mão descansando na minha perna e notei que você tinha pegado no sono. Pensei em te acordar pra irmos pra cama dormir, mas você estava tão sereno dormindo, tão tranquilo, com um mini sorriso nos lábios. Só continuei te olhando, mexendo no seu cabelo e quase degustando aquele momento - que ali mesmo notei o quanto era importante pra mim, por mais banal que fosse. Enquanto eu vivia aquilo e te olhava dormindo no meu colo, percebi o quão natural era essa situação entre a gente. Veja bem, eu sou uma pessoa cética que não acredita em religiões e afins, mas ali só pensei que o que eu tava sentindo parecia um sentimento de muitos anos. A minha impressão era de que a gente já tinha passado por momentos como aquele infinitas vezes, que aquela era uma rotina gostosa que nós já vivíamos há muito tempo. Ali eu percebi o óbvio: Eu já conseguia ver um futuro tão a longo prazo, e via tão claramente, como se na realidade fosse uma memória e não uma projeção. 

Curioso que hoje penso na loucura que é ter um sentimento assim com uma relação tão recente até aquele momento, mas que ao mesmo tempo é algo que até então eu nunca tinha sentido em nenhuma outra. E eu sei o quanto é clichê falar isso, que nunca se viveu algo como aquilo antes e etc, mas a verdade é que eu sempre tive dificuldade em me ver a longo prazo com alguém no sentido de conseguir vislumbrar como seria depois de uns anos, se viveríamos juntos, se aquilo teria futuro. Em todas as relações foi assim, menos nessa. Pra mim foi um choque quando me peguei vendo isso sem querer, sem intenção, naquele momento vendo você dormir. E eu sorri, pensando que não era possível a essa altura da vida me sentir feliz daquele jeito (desse jeito). Com muita certeza de que a gente viveria - e vai viver - tantos momentos ainda, bons, ruins, simples, importantes. Juntos.

Momentos pequenos, mas que são grandes demais e que definitivamente precisam ser lembrados.


Radiohead @ Last Flowers


Enjoy the ride

Não sei muito bem como começar esse post, só sei que tem alguns dias que eu senti vontade de colocar algumas coisas pra fora. Os últimos meses tem sido intensos, tenho tido altos e baixos bem expressivos. Posso começar pelos altos, que, no meu ponto de vista, tem sido maiores e mais frequentes que os baixos.

Mesmo sabendo de pontos que preciso resolver pra aí sim poder respirar tranquilamente em 100% do tempo, tem sido tão gostoso viver. A palavra é exatamente essa, gostoso, como se fosse um doce. Me lembra uma frase de música: "Um doce descascado pra mim, eu guardo pro fim, pra comer demorado". Acho que pela primeira vez na vida eu to vivendo as coisas com calma, tentando não apressar nada, não pressionando nada, só literalmente curtindo cada momento e cada detalhe. Nem sempre isso acontece, mas no geral acredito que tem sido tranquilo e suave. 

O processo de conhecer outra pessoa, os seus hábitos, gostos, manias, jeitos, histórias e se identificar com muitas coisas é algo que eu não lembrava que gostava tanto. Se apaixonar por completo por alguém é gostoso demais e eu não consigo (e nem quero) naturalizar isso. Sei que já escrevi isso aqui e que já repeti milhões de vezes pra mim mesma, mas é surreal demais pensar em como as coisas acontecem sem a gente prever ou premeditar. Nem em um milhão de anos eu chutaria que conheceria alguém tão incrível por acaso e que tudo bateria do jeito que bateu. Que tudo encaixaria do jeito que encaixou. Nesse ponto é meio inevitável não criar mil cenários futuros na cabeça, onde todos me arrancam um sorriso bobo no rosto. 

Eu sempre tive minhas inseguranças (internas e externas), então ainda me ver como alguém que pode ser interessante pra outras pessoas é algo diferente - e é um diferente muito bom. E nisso falo sobre aspectos de amizades e românticos. Tem sido trabalhoso e ao mesmo tempo incrível me redescobrir em vários pontos que eu não pensava sobre há muitos anos. 

Como disse antes, também aconteceram baixos. Lidar com frustrações nunca foi o meu forte (na verdade parando pra pensar, é o forte de alguém?), mas elas tem sido pesadas de passar e não tenho como negar isso. Tem dias que me bate um desespero, que acontecem pensamentos intrusos de que tudo vai dar errado. Porém a realidade é que tudo é um processo, como eu já falei antes também. E esse tem sido um, que eventualmente vai sim passar. Volto a dizer que mesmo com esses dias mais difíceis não teve 1 segundo em que eu me arrependesse das decisões e escolhas que eu fiz esse ano. 

Depois de ter escrito esses parágrafos, acho que queria não só registrar esses momentos, mas também dizer pro meu eu do futuro que sim, tudo vai ficar bem. Mesmo que tenham dias mais difíceis que outros de acreditar nisso, você vai se virar e tudo vai se ajeitar. E daqui uns meses quando você do futuro vier ler isso, vai dar um sorriso e respirar tranquila, sabendo que esse processo passou. E que você sobreviveu, está bem e seguiu com a sua vida. Já deu certo.


Taylor Swift @ Lover

I'm in here

Engraçado como a gente só se dá conta de processos quando terminamos de passar por eles. Eu passei por tantos no último ano (nos últimos 4 meses?), seguidos, algumas vezes simultâneos, e em algum momento até consegui ver alguns enquanto eles aconteciam. Por exemplo, estava no metrô, indo pra Tottenham court street, e começou a tocar no meu fone uma música que eu ouvi em looping em janeiro, num dos piores dias que tive nos últimos anos (sim, aquela da Shakira). E aí agora, um pouco mais de 2 meses depois, escutei quase dando um abraço em mim mesma, dizendo (se pudesse) que iria ficar tudo bem sim - embora eu não possa afirmar 100% disso ainda. 

Ao mesmo tempo em que me sinto 100% perdida em alguns dias dado tudo que aconteceu, me sinto livre também. Eu não tinha ideia (ou tinha e só negava até pra mim mesma) do quanto tudo já estava meio sem sentido há tanto tempo. E embora tenha doído demais o processo de descobrir, admitir e verbalizar tudo que eu vinha sentindo, ao mesmo tempo foi um dos maiores alívios que eu já senti. Ainda tenho dias e dias, ainda vejo alguns processos acontecendo, mas arrependimento ou culpa não passaram por aqui em nenhum momento. Nesse ponto, só consigo pensar que tem certas coisas que a gente tem que passar na vida mesmo e que elas tem sim um propósito na nossa história. Ando na minha fase mais cética da vida, mas tem coisas que são pra ser - assim como tem outras que não são. E tá tudo bem.

Dito isso, também é curioso notar como encerramento de ciclos às vezes abrem novos, mesmo que tão imprevisíveis e mais rápido do que esperamos. Ainda me choca quando paro pensar em como tem situações intensas que acontecem sem a gente perceber e do quão incrível e leve elas tem sido - o que é muito surpreendente dado todo o meu contexto. Ao mesmo tempo sigo deixando as expectativas baixas (sabendo que, na realidade, não estão nada baixas), focando muito em viver as coisas conforme elas acontecem e me permitindo a sentir o que eu tenho vontade. E tudo tem sido tão gostoso que eu só fico grata mesmo de como ao mesmo tempo onde a minha vida deu um virada de ponta cabeça, que surgiram coisas (e pessoas) maravilhosas por esse caminho também. 

Vamos ver o que o restante desse ano me aguarda. Mas de um jeito ou de outro, sei que tudo vai dar certo e que vou viver o que tiver que viver. Não é todo dia que me sinto assim, mas hoje só estou ansiosa pra ver o que vem por aí e quais serão as cenas dos próximos capítulos.


KT Tunstall @ Universe & U


As it was

É curioso como as coisas acontecem e só damos conta do que aconteceu algum tempo depois. Lembro quando eu tinha uns 16 anos (acho) e vi um filme, PS I Love You, e fiquei obcecada com a Irlanda. Cheguei a fazer várias projeções do quanto uma viagem custaria, por onde eu passaria, o que estudaria. Depois disso, fui até o quarto da minha mãe e falei rindo "só preciso de 10 mil reais pra poder ir pra Irlanda", nesse tempo minha mãe ainda era a minha mãe. Ela riu, rimos juntas e ficou por isso mesmo - óbvio, afinal de contas né.
Em 2017 enquanto planejava o roteiro da Eurotrip, pensei em incluir a Irlanda. Muito caro, muito contramão. Pensei "no futuro farei uma viagem para o Reino Unido e aí incluo a Irlanda, mais fácil". Pois bem, avançamos para 2021 e temos uma bela surpresa: Vim morar na Irlanda. Inesperadamente, sem planejamento nenhum, um simples acaso. Aquelas frases clichês do tipo "hoje você vive a vida que vc já sonhou um dia" nunca fizeram tanto sentido.
Eu sempre tive uma tendência em reclamar muito da vida, a ser uma pessoa dramática. E digo com propriedade que eu tenho razão pra isso em vários aspectos sim. Porém nem em 1 milhão de anos imaginaria as voltas que essa mesma vida daria e onde ela me levaria. Aos sonhos que já realizei, a tudo que já conquistei, batalhas que enfrentei e ainda enfrento. Internas, externas. Me choca olhar pra mim e ver onde eu cheguei. E pode ser 100% clichê, mas nesses momentos eu esboço um sorriso no rosto e sou grata por mim, pelos meus que lutaram por mim, por quem anda comigo. Significa que tudo está sendo perfeito, que o caminho foi florido e ensolarado? É claro que não. Mas sinto orgulho de conseguir conquistar tantas coisas, mesmo sabendo da parcela de privilégio que me cerca sim, mas não desmerecendo a trajetória que tive.

Me formei, migrei pra outra profissão com dor de deixar tantos planos e sonhos que tinha com o diploma. Mas que provavelmente foi uma das melhores escolhas que já fiz. Trabalhei por 3 anos em um dos lugares mais incríveis que alguém pode frequentar, com pessoas igualmente incríveis que tive a sorte de encontrar. Sorri, chorei, tive crises de ansiedade, mas fui muito feliz. Volto a olhar para as minhas conquistas - profissionais, pessoais, sociais - e sinto orgulho. Por muito tempo me coloquei num lugar onde não me julgava boa o suficiente pra outras pessoas, que não era capaz de alcançar grandes coisas. E hoje olhar e ver tudo que aconteceu nos últimos anos me deixa tranquila em saber que eu sou alguém incrível também e que eu achei pessoas que enxergam isso também.
Parece que a síndrome dos 30 anos chegou com força aqui (rs), ando bastante reflexiva com a vida. Com tudo que tem acontecido e que aconteceu nos últimos muitos anos. Em como me prendi em vários âmbitos, em como me limitei a caber em pequenos espaços que não eram pra ser meus. Mas que isso formou a pessoa que vos escreve hoje aqui, depois de anos. Ainda tenho sim meus problemas, ainda luto diariamente com problemas que não consigo resolver, ainda tenho dias que a ansiedade me consome. 

A idade também me trouxe ideias de responsabilidades que na realidade não são minhas (e a minha psicóloga que o diga). Ainda luto com todo o drama que a minha mãe trouxe e ainda trás pra minha vida, com a pessoa que ela escolheu se tornar e que eu não reconheço mais como a mãe que eu já tive (por mais problemática que essa relação tenha sido desde muito tempo atrás). Sexta passada na minha última terapia abri uma caixa que há muito tempo não abria, a caixa de 2017. E depois de abrir me toquei novamente do quão absurdo e inacreditável foi tudo que aconteceu naquele ano. E que embora já tenham se passado 5 anos, os reflexos de vários momentos daquele ano ainda estão aqui. Os problemas que ela criou ainda existem - com menos intensidade, porém existem. 
Isso me faz lembrar que a pessoa que eu era com 16 anos já queria algo diferente pra si mesma, já não queria fazer parte daquela convivência e sabia lá no fundo que um dia iria sair daquele contexto sim. E o resto é história. Hoje posso falar que construi minha família, onde nem todos são da mesma espécie, em que temos nossos defeitos, mas que é minha e que é grande parte da minha base.
Mas porque raios voltei a escrever aqui depois de tanto tempo? Não sei. Pode ser o efeito da minha primeira semana sabática, pode ser a falta de sono ou pode ser apenas um registro para a posterioridade de onde eu estava no dia de hoje. 

Harry Styles @ As It Was

A Message

Há muito tempo não tenho nenhuma vontade de escrever de maneira despretensiosa, porém hoje apareceu um surto de criatividade - ou necessidade, vai saber. O último texto foi em 2015 e tanta coisa mudou desde então... chega a bater um cansaço mental só de pensar. Lembrar de 2015 chega a doer um pouco. Foi um ano relativamente tranquilo, sem grandes turbulências. Já 2016 foi a definição de turbulência. Ano difícil, em vários aspectos, com várias pessoas. E quanto mais ao fim ele chegava, pior ficava. Eu, como uma boa Alice, sempre acho que o ano novo tem algum certo poder, que as coisas tendem a mudar pra melhor após ele. Doce engano... 2017 tem sido, definitivamente, o ano mais difícil da vida até então. Tive o pior inferno astral possível, as piores mudanças e o surgimento de um sentimento lindo chamado ansiedade. Logo no momento em que eu deveria ter mais tranquilidade, perto de terminar o ciclo importante que é a minha faculdade. No projeto que eu mais queria me dedicar e destacar, contudo é aquilo: a vida é sempre uma caixinha de surpresas. Tranquilidade foi o que eu não tive. Entre crises de ansiedade, noites mal dormidas, faltas em matérias/provas, atrasos em prazos importantes e muito choro, chega a ser impressionante o tamanho da força que a gente tira sabe-se lá de onde. Consegui entregar meu TFG, consegui respirar um pouco mais nesses últimos 2 meses e estamos levando a vida como dá. 

Penso que esse furacão de acontecimentos, pelo menos, serviu pra dar mais valor a certas coisas - e certas pessoas. Meu namorado chega a ser um santo de tanto que eu falei/falo dos meus problemas, de tantas barras (pesadas) que ele me ajudou a segurar nesse tempo e de todo suporte que tem dado. Não existem palavras no mundo que sejam suficientes para agradecer. E a Fernanda, a Beth e meu próprio pai, que conseguiram me tranquilizar de alguma forma nos piores momentos. 

Já escrevi aqui que eu às vezes me impressionava com o tamanho da minha força em certos momentos difíceis que já tive. Depois de 2016 e dessa metade de 2017 eu realmente mereço medalhas de honra por ela... Tiveram alguns dias que eu tive os piores pensamentos possíveis, as piores prospecções e os piores sentimentos, mas de alguma forma encontrei algo ou alguém pra me segurar, pra me ajudar a andar, pra continuar apesar de tudo. E a conseguir ver alguma luz no fim do túnel, pra constatar que a vida não para, mesmo que certas pessoas tentem parar por você. No fim das contas, por mais que a gente tente ajudar nos problemas alheios, por mais que a gente ame e se importe com as pessoas, quando isso interfere no seu próprio bem estar chega aquela hora em que sim, você tem que colocar um lado egoísta pra fora e priorizar o próprio bem estar. Eu ultrapassei um limite próprio por outra pessoa e acabei me deixando levar pro mesmo buraco que ela, sempre na tentativa de ajudar o próximo. Limites são importantes e eu aprendi que às vezes é vital respeita-los. Eu ultrapassei meu limite sim, mas aprendi a retroceder e me colocar em primeiro plano. 

Espero, desejo, rezo, oro pra que esse segundo semestre de 2017 seja mais tranquilo. Desejo que tudo encontre seu lugar certo, que as pessoas pensem mais no que causam na vida das outras, que exista mais empatia. E nesse momento você vê que tudo que parecia estar de cabeça pra baixo nada mais é do que uma nova perspectiva da vida. As coisas mudam, as pessoas mudam, os sentimentos mudam. Mudanças acontecem e, por mais que sejam difíceis, eu escolho continuar acreditando que elas são sempre pra melhor. Tudo está melhorando aos poucos e também aos poucos tudo começa a se encaixar de novo. É, 2017... você veio pra balançar a gente, mas nós já somos experientes em balançar junto, sem nunca deixar a peteca cair. 

A gente sempre aguenta.


Coldplay @ Adventure Of A Lifetime